We have scaled these city walls – parte 3

Quando o avião decolou, na sexta de noite, estava tudo praticamente acertado: não apenas conseguimos os ingresso como trocamos por outros do dia 20. Na verdade, a Márcia que conseguiu e fez as trocas. No entanto, ainda faltava um pra trocar. Um só, e tudo estaria certo.

Exceto pela decolagem e pelo pouso, o vôo foi bem tranquilo – quase como andar num ônibus. Claro que a sensação de imaginar “Puxa, não tem chão aqui embaixo” é meio surreal, mas tudo correu sem problemas até a hora de aterrisar, quando o piloto resolveu fazer algumas manobras e o estomago se embrulhou. Mas nada além disso.

Uma vez em Guarulhos, a irmã do Leandro foi nos buscar para irmos até Sorocaba. No caminho, pude perceber duas coisas: que o Tietê fede MUITO; e que o Tietê fede MUITO. Chegamos às três da manhã e, cansados, logo desabamos na cama. O dia seguinte prometia correria.

Ao acordarmos, no sábado, começamos a tomar a dimensão do show: o cara que foi instalar um ventilador na casa do Leandro tinha um ingresso e, emocionado, dizia que ia ver o U2. Estávamos tensos, pois não conseguíamos efetuar nenhum troca, e o relógio não estava a nosso favor. Depois de algumas tentativas, a solução foi esquecer um pouco e dar um volta por Sorocaba, uma cidade limpa e bonita, um lugar agradável. Ao parar pra tomar uma cerveja, foi difícil resistir à tentação de pedir uma Polar, enquanto o Bruno falava com um locutor de uma rádio e pedia para ele anunciar que tínhamos ingressos pra trocar. Mas, até ali, nada. Voltamos e começou uma busca incessante por ingressos no Orkut, até que finalmente nos ocorreu: não precisávamos exatamente TROCAR o ingresso. Podíamos comprar um para o dia 20 e vender o nosso do dia 21. Foi assim que combinamos com um cara, que iria nos encontrar em São Paulo no dia seguinte. O preço era R$ 250, um tanto salgado, mas azar: estava tudo encaminhado.

Claro que tivemos que comemorar, então fomos conhecer a noite sorocabana. Depois de rodar por aí, entramos na fila de um tal Tribeca. Bacana o lugar. Comprida a fila. Uma hora e meia depois, estávamos finalmente na porta. E foi quando o segurança disse que, a partir daquele momento, só podia entrar quando alguém saisse. Mais espera, mas não adiantava de nada desistir agora. E demos até sorte: rapidamente conseguimos entrar.

O Tribeca era bem ajeitado, mas não muito grande, e as pessoas se espremiam na pista. Não pareceu muito diferente de uma noite em POA, fora que volta e meia passava algum japones (normalmente achando que tem estilo) na nossa frente. Os trabalhos com a cerveja (não Polar, obviamente e infelizmente) começaram, e daí, como acontece em Porto Alegre também, minha memória começou a falhar. Lembro só de, em Sorocaba, encontrar uma guria de ITÚ que era GREMISTA. Passei o resto da noite com ela, e tudo transcorreu sem maiores problemas. Isso até eu chegar no estacionamento e perceber que os guris já tinham ido embora. E agora? Em Sorocaba, sozinho, o que eu ia fazer? Por sorte, avistei o Bruno (ainda não sei como vi o Bruno antes do Leandro, mas enfim…). Era hora de voltar pra casa. O domingo prometia ainda mais esforço. Tanto físico quanto emocional.

Continua

Um texto sobre a nossa sorte

É claro que a idéia de escrever aqui no blog sobre a viagem para ver o U2 no Morumbi já existia antes de sair de Porto Alegre. Mas era apenas uma idéia e, obviamente, era preciso viajar, assistir e voltar para ter o que escrever. Foi então que, dentro do taxi na viagem de volta, surgiu a idéia de um tema central para o texto: escreveria sobre nossa sorte.

O texto começaria assim:

“Vocês estão dando sorte”. O motorista do taxi estava surpreso por que não havia trânsito algum naquela avenida rumo ao aeroporto de Congonhas. “Normalmente à essa hora da manhã os carros já fazem filas enormes aqui mesmo” – completou, enquanto atravessava o cruzamento.

Ao recordar toda a maratona que atravessamos para chegar até alí, dentro daquele taxi voltando pra casa, perguntei-me: “O que ele realmente sabe sobre sorte?”

Em seguida, citaria uma lista de tudo que podia ter dado errado até aquele momento; a intenção seria reforçar que a sorte, de fato, estava do nosso lado. Diria que não houve qualquer tipo de tumulto ao sair do estádio do Morumbi após o show; que a caminhada de volta ao nosso quarte-general (a casa da Márcia) foi bastante tranqüila e segura, mesmo sendo São Paulo e de madrugada; que o pouco tempo restante antes de pegar o taxi foi suficiente para tomar um banho, comer uma pizza e arrumar as malas sem correria; e que, ora vejam, o taxi não custou metade do pouco dinheiro que deixamos reservado para ele.

Era muita sorte. Tudo isto seria relatado com uma intensidade dramática que faria o leitor, o tempo todo, pensar “Puxa, mas que sorte eles deram!”. Perto do final, o texto terminaria mais ou menos assim:

Estava tudo dando certo. De Congonhas pegamos um ônibus e, às 3h30 da manhã, já havíamos feito o check-in no aeroporto de Guarulhos. A mega-maratona para ver U2 em São Paulo terminaria dalí algumas horas, ao desembarcar em Porto Alegre.

A última frase teria que ser clichê, porque eu não sei fugir deles:

Todos os sacrifícios teriam, enfim, valido a pena.

Mas estava faltando alguma coisa nesse texto. Refletindo com mais calma sobre a emoção que rolou em São Paulo, questionei-me “Como fazer esse relato ficar mais emocionte, agora que as euforias passaram?”.

Sim, “as euforias” no plural mesmo, porque não foram poucas. Começou com uma mega-correria atrás dos malditos ingressos; depois, vivemos duas tragédias em nao conseguí-los por duas vezes; e em seguida bateu um pavor só de imaginar perder esta chance, única. Superada esta etapa, ainda teve um desespero de não conseguir trocar os ingressos do dia 21 pelos do dia 20 e mais três receios: de que os 3 ingressos trocados fossem falsos. Por último, um rápido e grande aperto, quando tivemos que nos separar para entrar no estádio, correndo o risco de não podermos, juntos, assitir ao show.

Mas vejam só: conseguimos os ingressos, passamos pelas catracas, encontramos o Bruno e descolamos um lugar em frente ao palco, na cobiçada hot area! Nessa altura da maratona foi moleza esperar 5 horas até o show de abertura, debaixo de um sol quente e mal acomodados. Sacrifício de verdade não foi passar por tudo o que nos trouxe a uma distância de 2 metros da passarela à direita do palco; sacrifício de verdade foi parar de cantar com a multidão no fim do show o refrão da última música, ironicamente simbólico: “How long… to sing this song?”

É por isso que só tenho a agradecer aos amigos pela fantástica experiência. Aos que não puderam nos acompanhar, pelo apoio que deram; aos que tão bem nos receberam em terras paulistas, especialmente à hospitalidade do Billy e à heróica parceiria da Márcia; e aos dois amigos que foram junto, pela inexplicável emoção que dividimos e que, tenho certeza, jamais esqueceremos.

Dentro daquele táxi, ao pensar ser uma boa idéia escrever sobre a sorte que tivemos, eu estava esquecendo de um momento bem especial. Em meio àquela multidão que também entrava na hot area, cogitamos abandonar o sonhado lugar perfeito só para procurar o amigo; só nós sabemos o significado que isso tem. E só nós sabemos o que foi comemorar a chegada do Bruno. Naquele instante, pulando alto e gritando muito, tínhamos a certeza de que aquilo não podia, em hipótese alguma, ser apenas sorte.

Foi por isso, então, que eu parei de escrever esse texto.

We have run through the fields – parte 2

Mas nada de desespero: ainda havia o segundo dia, o milagroso dia 21. Como dessa vez as vendas seriam apenas por telefone, a estratégia era cada um pegar o máximo número de aparelhos e, com eles, ligar o maior número de vezes no menor tempo possível. Paralelo à isso, a Marcia ia tentar de São Paulo. Eram muitas incertezas, mas o otimismo estava presente em todos.

No fatídico dia 5 de Fevereiro, eu já estava ligando de três aparelhos mesmo faltando dez minutos para começar as vendas. O desespero começou a tomar conta quando, ao final de três horas, só havia recebido a mensagem de que o sistema estava ocupado. Tensão. E nenhum dos guris ligava pra avisar que tinha conseguido. Eu acompanhava no Orkut as pessoas dizendo que tinham comprado, e como tinha sido rápido. Pela primeira vez senti a decepção total. Não iria ao show. Não poderia estar presente quando o U2 botasse o Morumbi abaixo.

Mas eis que a mão divina resolve interceder sobre nossas vidas. O Bruno me liga, dizendo que achava que a Marcia tinha conseguido os ingressos – mas ele não falava com ela porque faltara luz em sua casa. Rapidamente, entrei no MSN e confirmei: ela tinha comprado os ingressos. Os ingressos pro show do U2. Os ingressos pro show do U2. Faltavam acertar mais algumas coisas, mas isso não importava na hora. Saímos para comemorar, nós três.

Quando o U2 fosse a São Paulo, estaríamos lá.

Continua

Fotos do fim de semana 14!

Aeroportos, São Paulo, Sorocaba, U2. Um fim de semana, no mínimo, espetacular. Fotos aqui.

Ps1: Quem tem e-mail do Yahoo pode enviar comentários em cada uma das fotos. É só clicar em “Sign In” no site do Flickr e entrar com a senha do Yahoo.
Ps2: Descobri que dá pra colocar notinhas sobre detalhes das fotos. Legal.
Ps3: Bruno, tenta atualizar teu Flash caso não consiga ver as fotos. Se não, te gravo um CD depois.
Ps4: Mais sobre a viagem no próximo post, prometo.

We have climbed highest mountains – Parte 1

Tudo começou naquela sexta-feira, quando fomos pegar o vôo para… não, espera. Volta. Começou pelo menos dois meses antes, quando os boatos sobre um show do U2 no país ficavam ainda mais forte, e a espera pela confirmação deixava todos ansiosos. As visitas aos sites de notícias eram frequentes, e tudo indicava que os boatos eram verdadeiros. Mas ainda não havia nada confirmado.

Finalmente, em um janeiro quente, foi anunciado o show. Demos início então à “Operação Vertigo”, que uma vez completada iria nos levar à São Paulo para assistir ao espetáculo. Os trocados foram sendo economizados, e os respectivos chefes avisados de que na segunda-feira do dia 20, estaríamos impossibilitados de comparecer ao trabalho – afinal, havia um sonho a ser concretizado. Dinheiro e outras coisas estavam em segundo plano.

Eu e o Bruno aqui em Porto Alegre trocávamos informações com o Leandro. As vendas foram anunciadas para o dia 16, data que o nosso contato não estaria mais em São Paulo – mas tudo bem, ele mandou a irmã. Paralelamente, traçávamos estratégias para obter o ingresso via internet. As passagens mais baratas foram compradas antecipadamente, para não dar chance ao azar. Tudo corria conforme o planejado.

Então, veio o caos. A confusão nas vendas, as filas que não andavam, o site que não carregava. A angústia deu lugar ao desespero, e tudo indicava que não iríamos conseguir. Daqui de Porto Alegre, vimos os ingressos se esgotarem, e o sonho
de ver a maior banda do mundo parecia estar escoando entre nossos dedos…

Continua

I’m Out of Control

Mais uma vez meses de concentração, esforço, trabalho, dedicação e fé convergem em um único fim de semana, que de novo não irá terminar no domingo tedioso, mas sim em uma indescritível noite de segunda. Um desfecho grandioso, espetacular, com direito a luzes que cegam, batidas mais fortes que as do coração e uma saudação simples: “Hello, hello”.

Se alguém perguntar por nós, estamos em um lugar chamado Vertigo.

Porque eu ADORO alfinetar

Sorocaba é a 31ª maior cidade exportadora em todo o Brasil

O aumento de 66% no volume de vendas ao exterior pelas empresas instaladas em Sorocaba em 2005, colocou a cidade como 31ª no ranking das principais exportadoras do País.

A classificação faz parte do levantamento divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com base no desempenho de cada município brasileiro.

O volume total de exportações feitas pelas indústrias locais no ano passado somou US$ 809,5 milhões (cerca R$ 1,7 bilhão). Em 2004, foram US$ 486,4 milhões (cerca de R$ 1 bilhão).

O desempenho de Sorocaba nas exportações superou, inclusive, importantes capitais brasileiras como Belo Horizonte (37ª) e Porto Alegre (50ª).

[Jornal Bom Dia]

A minha versão da indiada

O que deu na minha cabeça foi o seguinte: sábado à noite, Porto Alegre vazia, sem absolutamente nenhum lugar decente pra ir. Estávamos de carro, com dinheiro e sem nada pra fazer no domingo inteiro. E com a certeza de que na praia teria festa confirmada, deu na minha cabeça que a gente tinha que ir simplesmente porque não tinha porque não ir.

Calculista que sou, fiz uma simulação entre nós pra planejar a indiada. “Tá, nós temos grana pra ir, fazer festa e voltar, tudo de carro. Ok. E chegando lá, vamos onde? Ok. Compramos ceva agora? Ok. Mas eu não vou beber até chegarmos lá, afinal, queremos chegar lá, né? Ok”. “André, teu irmão tá na praia? Tem chance de a gente conseguir lugar pra dormir? Ok, seria uma boa”. “Se não tiver onde dormir, voltamos logo em seguida? Então não vou poder beber a noite toda”.

Opa. Espera.

“Tá. Ainda assim vai valer mais a pena do que Porto Alegre. Ok”. E aí fechou todas.

IDA

Confesso que foi uma merda ser o único sóbrio dentro do carro. Prudente, mas uma merda. O Thiago animadíssimo, berrando “Nós vamos pra praaaaaaaaiaaa” no banco de trás, compensava o suficiente pra continuar. Afinal, a gente tava indo mesmo pra praaaaaaia!!!

Na parada para comprar mais cerveja ocorreu o episódio do tiozinho do Escort que não pegava. Ao contrário do que o Bruno disse, não somos tão prestativos assim. Empurramos o carro do cara, mas lembro-me perfeitamente do Bruno dizer “Vai logo, Leandro, acelera o carro e vamos embora antes que o Escort morra de novo!”, pedido o qual todos concordaram sem hesitar. “O Escort agora tá na nossa frente; se ele morrer de novo não dá nada: eu encosto nele e vou empurrando até a praaaaaaia” – sim, eu agora estava no clima.

Faltando uns 20Km pra chegar em Osório tivemos a idéia da placa 14Km. Por mais idiota que possa parecer, foi emocionante. Desde a contagem regressiva quilômetro por quilômetro dentro do carro até o estacionamento perfeitamente localizado junto à um acostamento de telefone SOS uns 50 metros da placa. A correria de fazer a foto rápido só não era maior do que a escuridão do lugar, o que talvez explica o enquadramento tosco da melhor foto em 3 tentativas:

E pô, que placa grande! É certo que se o Rafael estivesse lá ele dava um jeito de fotografar nós 5 junto à placa enorme, mais a Free-way, o Celta e a lua. Porém, por não conseguirmos contato a tempo de levá-lo conosco na indiada; o resultado tosco, então, foi o melhor que conseguimos.

CAPÃO

Thiago: Vamos tomar um Demônio!
André, Bruno e Leandro: é Capeta, seu bêbado!

E aí começou. Lembro-me de termos tomado 2 Demônios, muita cerveja, 1 Cuba e várias Caipiras, que por sinal estavam muito fortes (vinham sem limão nem açucar, praticamente).

Lá pelas tantas o Thiago ficou mal e tivemos que sair. Apesar de lembrar de tudo (como sempre), não vou me ater em detalhes nesta parte. Deirei apenas que o porre do Thiago não passava, porque a água que compramos pra ele tomar, ele tomava, digamos, por pouco tempo.

VOLTA

Dentro do carro saímos em direção à Rainha, encontrar o Fernando pra pegar a chave da casa de Albatroz, onde dormiríamos. Eu e o Bruno na frente (eu cuidando o trânsito e ele me guiando), o Thiago e o André atrás (sendo que o primeiro dormia com uma sacola de gasolina vazia nas mãos, e o segundo dizia “Cara, fica tranqüilo, qualquer coisa eu tô aqui do teu lado, pode… ô minaaaa!!!”).

Thiago: Ô Bruno, pára o carro, meu.

Eu parei o carro no acostamento, o Bruno desceu e ajudou o Thiago. Nisso, o tiozinho que veio pedir carona pra Tramandaí abençoou nosso amigo que passava mal.

Tiozinho: Jesus! Minha nossa… vai com Deus…
(com uma mão sobre a cabeça do Thiago; a outra provavelmente fazia sinal de carona aos outros carros que passavam).

André: Meu irmão disse que é pra entrar à esquerda assim que a Paraguassu virar mão-dupla.
Bruno: Como assim?
André: Eu sei lá, só tô repassando o que ele disse.
(e dormiu).

Depois de muito tempo encontramos o Fernando e pegamos a chave.

Fernando olhando Thiago e André dormindo: Ô meu, eles tão bem?
Bruno e Leandro: Tá tudo bem, só estão dormindo…
Fernando: O que foi que vocês beberam???
Bruno e Leandro: Dá a chave logo.

Chegamos em Albatroz completamente acabados. De cansaço, ressalto! Algumas dificuldades pra entrar na casa, outras pra nos acomodarmos e eu, em menos de 30 segundos deitado, já dormia feito um bebê. Algum tempo depois acordei com o celular do Bruno tocando.

Leandro: Atende, cara, deve ser o Fernando tentando entrar.
Bruno: Ah meu, vai lá tu abrir a porta pra ele…
Leandro: Aaahhn…. (bocejo)… mas eu nem sei onde tá a chave… Vai lá você…. Bruno?

O celular do André toca, ele não atende. O meu celular toca, eu atendo mas… bem, à essa altura, largado sobre a cama, completamente sonolento e sem força nem pra carregar meu celular, a viagem, que até então tinha valido a pena, agora já não valia mais…