Quanto mais GTA V, menos queijo.

Joguei GTA V para o Xbox 360 e gostei. É divertido na maior parte do tempo, tem ótimos diálogos, missões alucinadas e momentos engraçados. A história é bem forçada, mas ok, não esperava nenhum Aaron Sorkin ou Charlie Kaufman ou qualquer Oscar de roteiro do gênero, e algumas partes expõem claramente que foram boladas nas horas extras de uma madrugada de sábado para domingo (a de fazer ioga e a de dirigir a família até o psiquiatra, especialmente).
Assim, apesar de ter curtido pacas a jornada, não sou daqueles que pegam a caixinha do jogo e saem por aí bradando que GTA V é a resposta a todas as nossas preces. Na verdade, analisando algumas opiniões e reviews, percebi que boa parte da veneração em torno dessa liberação videogamística do ID vem pelas coisas que o jogador pode fazer: ele pode jogar tênis, pode pular de páraquedas, pode dirigir um avião ou um helicóptero, pode fazer ioga, pode escolher entre fazer a missão de forma mais discreta ou chamando no Duro de Matar, enfim, ele pode. Mas a coisa parece ficar por aí, no fato de que é possível. Ninguém comenta se em GTA V é legal jogar tênis (é chato), pular de páraquedas (é legal), dirigir um avião ou helicóptero (chato), fazer ioga (chato) ou se as opções alternativas de realizar as missões são divertidas (o modo Duro de Matar normalmente é divertido, o modo discreto normalmente é chato).
Logo abandonei a exploração do tal mundo aberto e me foquei nas missões principais, essas sim trazendo momentos épicos de motos pulando em cima de trens, prédios do FBI sendo invadidos, rapel, tiroteio desenfreado e outras situações das quais John McLane poderia participar. Ali que toda a diversão se concentrava, e o ato virtual de pular com uma moto virtual em cima de um trem virtual era realmente épico, ao contrário de apenas soar épico quando alguém fala que o jogo permite que o cara pule de moto em cima de um trem.
Ou seja, aquilo era o GTA V (ao menos pra mim). E, como cada uma dessas missões que soa bem na conversa e mal no controle ocupa espaço que poderia ser usado para as partes legais, e no geral todos as definem como o grande diferencial e a grande atração do jogo, acho que aqui podemos aplicar a lógica do queijo suíço: quanto mais GTA, mais aulas de ioga virtual e derivados; quanto mais aulas de ioga virtual e derivados, menos GTA; assim, quanto mais GTA, menos GTA.

Showtime

Um dos melhores jogos de videogame da minha infância foi NBA JAM. Essa “fita”, que eu jogava no meu Super Nes, entrou na minha vida na direção oposta do que normalmente acontecia com os simuladores: Se comecei a jogar Super Mônaco GP por gostar de Fórmula 1 e Fifa Soccer por ser viciado no ópio do povo, foi justamente por jogar NBA JAM que eu me interessei pela National Basketball Association, inspirado pela empolgação que aquela fonte virtual de adrenalina me causava. 
E nessa onda de curtir basquete, eu tinha bonés e camisetas com os mascotes da Looney Tunes vestidos como jogadores, álbum de figurinhas da NBA, e até uma bola de basquete. Isso mesmo! O videogame me incentivando numa atividade física nova! “A vida imitava o vídeo(game) e eu inventava um novo inglês…”
Depois de algumas temporadas, eu me convenci de que ninguém além de Michael Jordan era capaz de reproduzir aquelas piruetas exageradas que os bonequinhos do NBA JAM faziam naquela quadra bidimensional  hipnótica. E quando ele parou de jogar, eu gradativamente perdi o interesse, afinal o que eu queria era ver NBA JAM na TV, e não simplesmente basquete.
Mais de uma década se passou, e nesse ano, por uma bela dose de acaso, estou acompanhando os Playoffs da NBA. O jogo mudou e eu mudei também. Observando agora sob a ótica de publicitário, o que me impressiona é a capacidade de espetáculo que o esporte tem. Tudo é fonte de renda, dá pra aproveitar qualquer coisa pra vender. Tudo bem, nos anos 90 isso já existia. Lembra dos meus bonés, das minhas figurinhas e do próprio videogame?
A diferença é que hoje eu consigo perceber melhor isso. E o caso mais emblemático talvez seja James Harden. O cara é reserva dos Thunders, time que chegou há 3 anos em Oklahoma City, mas já é ídolo por lá e a torcida já é fanática pelo time. Harden é uma espécie de talismã, e tem uma característica peculiar: um visual Mr. T, vindo diretamente dos anos 80. Abaixo, uma foto do jogador e outra com o efeito que ele causa na torcida.

Série Alta Jogabilidade

Título: A Maldição da Ilha dos Macacos (The Curse of Monkey Island)
Plataformas: Computadores que tenham Windows 95 ou acima.
Fabricante: Lucasarts
Qual é a do jogo: Guybrush Threepwood é um “poderoso pirata”(sic) que, após enfrentar o temível LeChuck duas vezes (nos dois games anteriores da série), está prestes a pedir sua namorada Elaine em casamento. No entanto, o anel de noivado joga uma maldição que transforma a moça em uma estátua de ouro, e agora o pirata precisa encontrar uma forma de desfazer o feitiço antes que sua amada tenha o mesmo destino que a taça Jules Rimet no Brasil.
Porque jogar: Antes de Jack Sparrow fazer suas gracinhas por aí, a Lucasarts já tinha reunido a fórmula “piratas + aventura + bom humor” com sucesso. A Maldição da Ilha dos Macacos reúne personagens intrigantes, quebra-cabeças complexos e tiradas cômicas sensacionais, além de um bonito traço cartunesco que ajuda a realçar o universo absurdo no qual a história se passa. Com uma jogabilidade simples e instintiva, conhecida como point and click, facilita a exploração dos cenários, oferecendo ao jogador recursos rápidos para misturar e utilizar itens com os outros elementos em cena. Os vídeos que intercalam certos momentos do jogo também são uma atração à parte, pois além de dar andamento à história possuem uma bela animação – sem contar, claro, os diálogos inspirados (que na verdade aparecem por todo o jogo). Acreditem, não há como ficar mais divertido do que isso.
Porque não jogar: Caso você seja, sabe, o que chamam de “uma pessoa séria, inteligente e responsável”, talvez prefira passar longe de A Maldição da Ilha dos Macacos. Ou, pelo menos, jogar escondido.
Avaliação final: Top 5 de qualquer lista de melhores jogos que qualquer pessoa resolva fazer em qualquer lugar do mundo.