Pé na tábua

Grand Prix (Grand Prix)
5/5

Direção: John Frankenheimer
Roteiro: Robert Alan Aurthur, baseado em história de Robert Alan Aurthur

Elenco
James Garner (Pete Aron)
Yves Montand (Jean-Pierre Sarti)
Brian Bedford (Scott Stoddard)
Jessica Walter (Pat Stoddard)
Antonio Sabato (Nino Barlini)

Lançado em 1966, é melhor do que qualquer “Velozes e Furiosos” por aí.

Grand Prix acompanha uma temporada de Fórmula 1, das sinuosas curvas de Monte Carlo à pista inclinada de Monza, passando no meio do caminho pelos questionamentos e motivações de suas personagens.

Como a sinopse indica, é mais um filme sobre pilotos do que sobre automobilismo: Aron, Sarti, Stoddard e Barlini, os quatro candidatos ao título mundial e heróis do circo da F1, são retratados como pessoas comuns, que simplesmente não conseguem ficar longe das pistas – e, ao invés de apelar para subtramas dramáticas fáceis, o roteiro expõe as personagens através de cenas simples do cotidiano (que se contrapõem às eletrizantes sequências de corrida, indicando essa necessidade de adrenalina) ou de sacadas nos diálogos (“Se qualquer um de nós realmente imaginasse como é bater em um muro a 290 km/h, não estaríamos aqui” diz Sarti, a certa altura). Mas a idéia aqui não é dar respostas concretas, e sim identificar os pilotos como pessoas normais que possuem algo em comum o talento de controlar um carro nas mais extremas situações.

Utilizando todos os recursos disponíveis na época, John Frankenheimer constrói planos incríveis, que as vezes simulam ângulos das transmissões televisivas e as vezes dão a perspectiva dos próprios pilotos. Ajudado por uma edição pertinente e corajosa (em determinados momentos durante a corrida a tela se divide, mostrando imagens diferentes que ajudam a caracterizar a figura de cada piloto), o diretor vai além do espetáculo visual, levando o espectador para dentro da situação. Por exemplo, ele não tem medo de manter sua câmera colada no asfalto e correndo junto com os carros pelo tempo que for necessário, sem trilha nenhuma, apenas com o barulho dos motores – e, assim, cria suspense em torno do que pode acontecer aos corredores (as sequências na Bélgica e em Monza são incrivelmente tensas).

Existem alguns poréns, já que de vez em quando Frankenheimer parece maravilhado demais com os recursos disponíveis e exagera na dose (mas nada que comprometa o resultado final). Se hoje em dia o mais importante é ter sequências cada vez maiores e mais audaciosas, Grand Prix destoa porque, ao invés do visual, aposta na importância que cada corrida vai ter para o espectador. Com isso, torna-se empolgante. E na disputa com os outros filmes sobre automobilismo, larga na frente.

Adeus por enquanto

Quando eu era bem piá, fui assistir Superman IV no cinema. Lembro perfeitamente de descer do lotação na esquina da José de Alencar com a Getúlio Vargas, de mãos dadas com meu pai, eu de um lado e meu irmão do outro – aliás, o mesmo esquema tático usado quando entrávamos no mar para ir até a arrebentação: conforme as ondas gigantescas vinham, meu pai segurava um em cada mão e, enquanto ele ficava parado, a onda tentava levar eu e o Nando (que parecíamos bandeiras tremulando). Tentava em vão, claro: meu pai nunca nos soltou.

Aproveitei o Master System por muito tempo, mas chegou o inevitável dia em que a evolução era necessária. Então, decididos, fomos até a casa de um conhecido para vender o videogame e ir atrás da nova geração eletrônica. Efetuada a transação, meu pai disse que iria olhar os preços do Mega Drive para ver onde era mais barato, e achava que no máximo em uma semana estaríamos aproveitando o poder de um 16 bits. Ao chegar em casa, minha mãe mandou que tomássemos banho (literalmente), e ouviu os resmungos de sempre (variações de “agora não”) – pelo menos até o meu pai pular para dentro do quarto, gritando “Tchãn tchãn tchãn-tchãn” e carregando consigo um Mega Drive fresquinho (o qual só jogaríamos, claro, após tomar banho). Alguns minutos mais tarde, em êxtase graças ao Super Volleyball, eu e meu irmão nem notamos quando ele se esgueirou até a porta e, gritando novamente “tchãn tchãn tchãn-tchãn”, trouxe na mão Ayrton Senna’s: Super Monaco GP 2, o Need for Speed da época. Depois de gritar e pular de alegria, ficamos sentados na cama apenas observando, porque meu pai disse que “esse sou eu quem vai jogar primeiro”.

Minhas habilidades futebolísticas são reconhecidas mundialmente, mas poucos sabem que já fui campeão de paddle em um torneio Pais e Filhos (evento que aconteceu no Cristal Tennis Center, na zona sul de Porto Alegre. Se quiserem conhecer o lugar, ele fica relativamente perto daquele estádio que teve que tirar o “Fifa” do luminoso). Ah sim, havia o problema de não ser apenas um filho, mas dois: bem, meu pai encheu tanto o saco dos organizadores que eles não se importaram, e cada um jogava uma partida. Só que um dos progenitores adversários não curtiu muito a idéia e começou a rebater bolas cada vez mais fortes em cima de mim – o que, considerando a diferença de idade e imposição física entre ambos, pode ser classificado como “covardia”. Pois o psicopata não estava nem aí e continuou com a palhaçada. Quer dizer, continuou até o momento em que o meu pai, cujas habilidades estavam anos-luz à frente, deu uma paulada no lado em que o filho do cara estava jogando. A partir daí, ele despsicopatizou. E nós vencemos.

Teve também as milhares de vezes em que ele gritou “Meeeeeeesa” quando o almoço ou janta estavam servidos, ou um “tu é foda” sussurrado baixinho no meu ouvido quando passei no vestibular, ou o “guris, é hora da aula de inglês” quando ele nos chamava para assistir Swat Cats (desenho que não tinha dublagem nacional na época), ou as implicâncias com a minha irmã, ou as engembrações com os cabos da net, ou aquela vez que ajudamos ele a fabricar lonas para freios, ou as milhares de piadas, ou as viagens para Gramado, ou qualquer um desses eventos sublimes que, na hora, não provocam mais do que um sorriso.

Pois me ocorreu que talvez esses momentos nunca terminem: eles se reúnem e formam uma espécie de essência, viajando pelo universo até encontrar aquela pessoa especial que não está mais aqui – e, com tantas lembranças, essa pessoa se irradia de felicidade e torna-se uma estrela.

Existem fatos científicos que contradizem tal idéia, eu sei, mas seria legal olhar para o horizonte e imaginar que lá existe mais do que pedras e gases. Afinal, rochas sempre serão rochas, e nuvens sempre serão nuvens, mas nós somos seres iluminados que vão além da simples definição de existir, porque carregamos a capacidade de ser a pessoa mais importante do mundo para alguém. E se um de nós consegue cativar tanta gente de forma tão intensa, como meu pai fez, então essa pessoa deixa um pedaço de si neste planeta, criando também um pouco de vida além da arrebentação, nos aparelhos de videogame, nas mãos que caminham juntas ou em um simples torneio de pai e filhos.

Pai, obrigado por ter me dado uma ótima vida. Nos encontraremos de novo um dia, tenho certeza, mas enquanto isso pode levar o amor e carinho de todos. Assim, sempre que a saudade apertar um pouco o coração, vou saber que uma daquelas estrelas no céu também estará derramando uma lágrima, preparada para gritar “Meeeeeeeeeesa” toda vez que o almoço estiver pronto.

Flamengo x Juventude

Logo mais, jogo atrasado da 8ª rodda.

Joel é uma baba, já disse antes! O Beto Almeida é um bom treinador do interior gaúcho, como disse o comentarista da Sportv, mas eu lembro dele mesmo é treinando os juniores do Grêmio. Chegou a treinar o time principal um palmo de partidas. Sem dúvida é melhor que o Joel Coveiro, mas tem uma mandinga da braba sobre o Ju esse ano.

Fla 3×1 Ju. Falou o filho do profeta!

Alguém quer apostar?

A ABP, a censura e o bom-senso

(era pra ser ontem mas… ah, não deu)

Hoje, a coluna Expressão Digital deixa um pouco de lado o “digital”, pra falar da outra parte. Na verdade, como o autor que vos fala não possui uma opinião muito clara a respeito do assunto, a idéia é lançar uma fonte para discussão nos comentários que virão.

Tenho acompanhado nos últimos dias a campanha da ABP chamada Toda Censura é Burra, na TV e no canal deles no YouTube.

Em termos publicitários, é uma boa campanha. Usa muito competentemente do humor para apresentar a sua idéia, de uma forma simples e sem rodeios. Persuasiva, consegue “comprar” a atenção – e a adesão, o mais importante – do espectador. Enfim, trabalho de profissionais.

O que me interessa ser discutido nessa campanha não é a forma, mas sim o conteúdo. O que eles argumentam (a argumentação mais detalhada pode ser encontrada no anúncio de jornal) é que QUALQUER forma de interferência do poder público na publicidade é negativa – sendo taxado como censura.

Eu não acho que uma grande interferência estatal nos meios de comunicação possa, de maneira alguma, ser saudável. Mas a total falta de controle pode permitir abusos e ofender pessoas (crenças e posições políticas), além de permitir que quase-golpes sejam aplicados em pessoas mais ingênuas ou necessitadas. Sem falar na publicidade para crianças, com a qual ninguém parece se importar, mas que é extremamente desleal.

O anúncio da ABP cita o CONAR como exemplo de regulamentação. Já ouvi falar que funciona bem, é verdade. Mas se analisarmos o perfil da diretoria (o presidente, por exemplo, é Diretor de Relações com o Mercado da Rede Globo), esse órgão tende a defender mais o direito de voz dos anunciantes e veículos do que os interesses do público.

Será que a liberdade incondicional dos anunciantes e dos meios de comunicação é o melhor para o público? Será que a maior parte dos consumidores brasileiros tem condições de diferenciar uma publicidade responsável de uma publicidade mascarada com quintas intenções? Será que o governo tem condições de dizer o que pode e o que não pode em termos de publicidade?

Espero respostas – ou mais perguntas – nos comentários.

Metendo o Bedelho!

Queria primeiramente desculpar-me ao Thiago por estar metendo o bedelho no assunto que ele fala com tamanha autoridade. Mas eu acho que se a gente não ficar “cutucando” o pessoal de vez enquando, não tem graça, ainda mais num assunto que mexe com os brios e “a mãe” de tanta gente: o futebol.

Fico pasmo vendo uma raça tal aí de “comentarista esportivo” colocar a cara na TV analisando jogo em cima da hora. “Time tal ganha porque tem o melhor elenco”.. Pfff… Como se eu fosse sair pra jantar e ficasse olhando o prato de lasanha, sob os mais diversos ângulos, e então dizer se ele estará bom ou não àquela noite. Comentarista que “manja” mesmo do assunto tem que estar atento ao “mundo futebol“, saber que não é sempre o mais bem organizado quem ganha. Há uma “aura” nisso tudo, há de se verificar a história dos confrontos, saber o quanto pesa uma camisa na hora H e estar consciente de todos os “sapos enterrados atrás dos gols de vários estádios do Brasil”. Tem que saber mais do que o óbvio, tem que saber se o prato de lasanha vai estar bom antes mesmo de sair de casa e aí fazer a escolha do lugar para jantar!! Esse cara sim é comentarista… e como todo bom brasileiro (gaúcho de fé) apaixonado por futebol, eu vou dar pitaco!! E se não gostarem… vão pescar (ou comentar, claro..)!!!

Eu disse ao meu pai, com uma pulga atrás da orelha, na PRIMEIRA rodada do campeonato brasileiro que achava que o Botafogo iria longe. Por que? Simples! Foi garfado na Copa do Brasil, fazem 12 anos que ganhou o seu campeonato e, como vemos ultimamente, de 12 em 12 anos as coisas parecem se repetir no futebol recente (Infelizmente, não com a mesma exatidão, o que fez nossas apostas sobre o campeão da Libertadores ir por água abaixo no último confronto, mas eu DUVIDO que alguém confiou tanto na campanha tricolor em 2007 pela América quanto nós! E digo mais, acertamos os DOIS FINALISTAS antes da bola começar a rolar, com provas!!). Voltando ao Botafogo, me pareceu que algo estava reservado para ele, mas, pelas palavras sábias de meu pai, resolvi deixar pra lá. Disse ele: Eu acredito em ti, mas não sei, o Cuca é azarado.. (disse o profeta!).

Não precisava ser profeta pra saber que o Paraná já tava indo longe demais passando tanto tempo assim por cima da carne seca… e vai descendo… Mas não cai, eu garanto! Minha aposta está noutro paranaense, o Atlético, que desaba quietinho nas tabelas pelas mãos de Antônio Lopes. O Ju e o Nautico, fugindo à regra, estão patinando mesmo tendo estampas horizontais “largas” (xi, essa teoria eu explico outra hora), mas nunca confiei nos dois times pra este ano mesmo.

E ah!! Sim, eu não iria esquecer do Mengão. Não cai. Mas que vai dar um suador nos “neguinho”, vai… Parece que ninguém do eixo Rio-Sã… Não, eixo Rio-Nordeste, vê que o Joel Santana é um afunda time.. Posso me enganar, mas é a exceção que confirma a regra! Do América-RN até minha avó sabia, não preciso comentar..

O Figueira vai, “bem na lenta”, piorando… ano que vem quem sabe seja a vez dele. O Goiás só joga em casa. O Sport quase isso, mas acho que não cai. Agora, dificil é saber se alguém pega o São Paulo. Era estranho ver dois volantes franzinos ali, juntos, e o São Paulo Campeão do Mundo. Saiu um deles e o São Paulo “capengueou”, mas se ajeitou e ganhou o Brasileirão. E sem os dois? Acho difícil que sem o único volante “decente” que sobrou o time seja regular como no ano passado. Por enquanto é, sem dúvida, o time a ser batido. E vai ser até o final. Só não vou falar do Grêmio pra não puxar a brasa.. mas posso dizer que se jogasse com vontade de ganhar a todo o momento, poderia ser “favoritasso”… mas quando começa ganhando de “meiox0”, fica tocando a bola como guri cagão. Isso é irritante!

Para acabar esse post, umas “bedelhadas” pra rodada do final de semana:

O Líder que se cuide com o Nautico, que só joga bem fora de casa. Mas ainda aposto no SP. Atlético-MG e Botafogo vai ser um jogo muito chato! O Atlético-MG entrou este ano pra segurar resultados baixos no placar, de preferência o empate, 0x0 tá ótimo! Flu e Grêmio no Maracanã costuma dar Flu, mas eu tinha medo quando o Romário ainda tava lá jogando bem, era uns 3 “na cola”, agora nem tanto. Quando jogou contra o Goiás, este ano, me deixou boqueaberto com o empate no Serra Dourada… quem sabe contra o Flu até pode conseguir um pontinho. Corinthians e Cruzeiro é o jogo da Globo, nem sei, mas deve ser.. com muita “figa” do Cleber Machado (ou do Galvão, não, tomara que não!), dá um 2×2.. Mas jogo bom vai ser Sport e Vasco. O Vasco está jogando rápido e “pra cima” e o Sport em casa, como um bom nodestino, vai deixar os zagueiros no vestiário. Jogo de lá e cá, não tenho palpite! Mas o Vasco está despontando bem pra este returno. Isso é muito certo..

Dúvidas, reclamações, os cometários são a vontade!!

Abraços

Reciclagem, Casamento e Difamação

Foi divulgado hoje que o Brasil é o país que mais tem usuários de MSN no mundo: 30,5 milhões, segundo a Microsoft. “A audiência gigantesca transformou o Messenger [e o portal MSN] em locais disputados entre os anunciantes, sobretudo para aquelas empresas que querem falar com o público entre 6 e 24 anos, quase metade dos usuários do Messenger“. Por essas e outras, é inegável que a internet já tenha se consolidado como destino de verbas publicitárias (e até o fim do ano, se tudo der certo, terei uma monografia para demonstrar isso cientificamente!). Ainda assim, às vezes parece que as redes de TV, rádio, os jornais e revistas não se deram conta disso, e tem explorado a web de maneira ingênua – coisas do tipo votar em quem deve sair do Big Brother ou perguntar “o Grêmio tem futuro com Tuta titular?” para o locutor…

Entretanto, para o bem da evolução, vez que outra surgem iniciativas que fazem Web e mídias tradicionais se complementarem.

• Reciclagem

Desde fevereiro desse ano, o Pânico na TV está contando com a participação de telespectadores diretamente de suas casas. Usando microfone, webcam e Skype, as pessoas participam ao vivo do programa, interagem com os apresentadores e às vezes até anunciam atrações.

Apresentador do Pânico na TV conversa com telespectador, ao vivo, pela webcam

Bobagem? Exibicionismo? Coisa de amador? Não vem ao caso. O que importa é o potencial de entretenimento e o sucesso que a idéia tem feito. Além disso, a mistura de TV com internet do Pânico chama atenção por outros 2 motivos. Primeiro porque, apesar de simples, a experiência tem um quê de ineditismo e, até onde se sabe, nunca foi feito ao vivo em nenhuma rede de TV no mundo todo. E segundo porque, como disse a Rosana Hermann, do blog Skype Brasil, trata-se da “outra mão da infovia do broadcast, que sempre emitiu, sem jamais receber conteúdo do telespectador”. Um tipo de reciclagem do modelo de televisão, enfim.

Quem diria, um dos programas mais toscos da TV brasileira está inovando mais que, que seja, a MTV Brasil. Será crise de criatividade?

• Casamento

Fiquei um pouco decepcionado com o Urbano, um programa que estreou esse mês no Multishow. A premissa é muito boa: escolher um tema relacionado à vida moderna na cidade, e usar a internet (fórum, blog e debate via webcam) para discutí-lo na TV. Mas o barato da interatividade foi mal aproveitado e se perdeu, pois na televisão o Urbano é 30% de repeteco do debate feito pela web duas semanas atrás e 70% com apresentadora nas ruas da cidade investigando o que foi debatido.

Ainda assim, o Urbano tem seus méritos. O programa é todo pautado por discussões que rolam no fórum do site, e estas se transformam em sugestões para o tema do programa seguinte. Os internautas com relatos mais interessantes são convidados para o debate via webcam, o que de certa forma que enriquece aqueles 30%.

Resumindo, um casamento sem paixão, sem cerimônia, sem sal.

• Difamação

Na contra-mão dos dois exemplos anteriores, o Estadão resolveu apostar fichas numa campanha contra os blogs. Se você não acompanhou o que aconteceu, recomendo estes posts do Brainstorm #9 e do Moldura Digital.

Ainda que seja jornal impresso e não televisão, o Estadão e os jornais fazem parte da “antiga mídia”, aquela que está vendo a web crescer e roubar sua preciosa audiência. Se com esta campanha o Estadão deu um tiro no pé ou gerou a polêmica que queria, eu não sei. Eu só sei que foi um desperdício a campanha ter ofuscado a inauguração do seu ótimo novo site, que agora tem uma interface bem mais bonita e amigável e incorpora o uso de tags, publica podcasts e tem blog para os colunistas – muito melhor que o novo portal da Folha, uma salada de fruta de textos, imagens e banners inaugurada ontem (sinto muito, mas como protesto só vou linkar pra Folha mesmo!).

Ou seja, o Estadão resolveu criticar a internet e os blogs justo no momento em que mais poderia tirar proveito deles. O que, no fundo, demonstra que eles não devem entender de nada mesmo.

Hmm… rosquinhas

Os Simpsons – O Filme (The Simpsons Movie)
4/5

Direção: David Silverman
Roteiro: James L. Brooks, Al Jean, David Mirkin, George Meyer, Matt Groening, Ian Maxtone-Graham, Mike Reiss, Mike Scully, Matt Sellman, John Swartzwelder e Jon Vitti, baseado em série de TV criada por Matt Groening

Elenco
Dan Castellaneta (voz do Homer, entre outras)
Julie Kavner (voz da Marge, entre outras)
Nancy Cartwright (voz do Bart, entre outras)
Yeardley Smith (voz da Lisa)

Mantém o nível do seriado, mas parece que falta alguma coisa…

Uma cagada do Homer acaba colocando a cidade toda em perigo, e agora a família precisa consertar tudo antes que seja tarde demais.

Vejo muita gente falando por aí que o filme é um episódio de uma hora e meia, o que não é verdade: tudo, desde a estrutura da história até os planos e enquadramentos, foi pensado para o cinema.

Mas o nível de qualidade é o mesmo que se vê na telinha, com alguns poréns: a voz nova do Homer (na versão não-legendada) atrapalha. Bastante. Fora isso, o que mais prejudica é a fama do seriado: o filme tenta abordar o maior público possível, e isso fica claro em ótimas piadas que recebem uma “explicação” depois (cena do Homer no cinema e da brincadeira com a Fox, por exemplo), ou na falta de coragem para insistir em outras (uma que envolve a escolha de um número seria melhor se fosse mais longa), além de muito humor físico. E determinadas situações forçam demais o Homer a ser idiota, o que torna a coisa meio previsível.

Por outro lado, as sacadas inteligentes e gozações com qualquer pessoa, povo, credo, religião, time, animal de estimação, roupa, tradição, cabelo, sapato, costumes, idéias, vontades, fantasias, política, ideologia e etc continuam. Já que podiam jogar qualquer coisa no meio da trama, os roteiristas armaram um verdadeiro arsenal de piadas, que torna-se dinâmico graças às centenas de personagens coadjuvantes, muito bem exploradas como sempre. Quanto à trama central, ela cumpre bem o papel de mover a história para a frente, dando opção para diversas críticas e sátiras por parte dos realizadores e abrindo espaço para as mais absurdas situações.

No final das contas, até entendo porque dizem que é um episódio de uma hora e meia: há uma falta de ousadia, ainda que pequena, na transição do desenho para a telona. Só que depois de passar esse tempo rindo precebe-se que, embora a película não atinja as expectativas, ela faz bonito frente a toda a mitologia da série. E isso já é um grande mérito.

Por questões pessoais, só consegui postar hoje. Desculpem o atraso.

The importance of being leader

Google perde título de site melhor avaliado nos EUA para Yahoo
Pela primeira vez desde 2002, o Google perde para o Yahoo o título de site melhor avaliado na pesquisa de satisfação do consumidor American Customer Satisfaction Index (ACSI), da Universidade de Michigan. [do IDG Now!]

Imaginem qual foi minha surpresa ao me deparar com tal matéria no IDG. Afinal de contas, é inquestionável a liderança do Google, o gigante da internet, que vem fazendo tremer inclusive a maior empresa do mundo da informática, a Microsoft.

Inquestionável?

Não podemos esquecer que essa pesquisa avalia só os portais, e não a sua fama ou o que eles representam no imaginário popular. Um amigo designer sempre me disse que achava o site do Google uma merda, e de certa forma eu concordo com ele.


Apesar do estilo clean, moderno, a página inicial do Google não evoluiu. Desde o seu começo (e lá se vão quase 10 anos), a empresa não agregou valor à sua home. Sua história bem sucedida se constrói no competente sistema de busca* e nos serviços que vêm agregando à sua marca. Mas como site, convenhamos, é mesmo uma merda.

Em compensação, o Yahoo! mudou sua home. É óbvio, mudanças não são garantia de melhoras; mas a home deles transmite uma imagem muito mais completa e útil do que a do seu concorrente.


Serviços, notícias, muitas opções de clicagem. Apesar de um certo “caos” visual e de uma forma tradicional de se construir uma página (ou alguém discorda que a grande maioria dos portais tem a mesma cara?), esse modelo de construção na web praticamente grita ao visitante: “Me use, tenho muitas funções, posso ser extremamente útil!”.

Essa é só uma visão da história. Eu realmente acho que o Google podia mexer na sua home, agregando utilidade e, consqüentemente, conquistando mais interesse dos internautas. Mas talvez se eles resolvessem seguir a maré, não tivessem se tornado a megaempresa que faz gigantes como Bill Gates tremerem.

* Embora boa parte dos internautas considere o Google um segundo Deus – e alguns, um primeiro Deus – cada busca apresenta uma profusão quase infinita e confusa de links, além do já muito questionado PageRank, o sistema de classificação de páginas. Indo por um viés mais conspiracionista, o que impediria o Google de dar um PageRank baixo para seus concorrentes e um altíssimo para seus domínios, manipulando a busca anunciada como “transparente”? Eu sempre fico com um pé atrás. Os dois, às vezes.