Mês: janeiro 2010
CNPJ
Circulando por diversos sites de empresas na internet, descobri que todas possuem a trinca “Missão, Visão, Valores”, onde dizem coisas clichês e bonitas para que as pessoas leiam e sintam-se EDIFICADAS.
O troco
Revolução, ideologia e estampas em camisetas
A célebre passeada de Che à Nova Iorque para discursar na ONU é intercalada com as PELEJAS da Revolução Cubana, desde seu início até a hora em que a galera levantou o caneco.
Ícone revolucionário, símbolo socialista, estampa de camisetas usadas por estudantes de comunicação. Tudo que envolve Che Guevara já é parcial por definição, no sentido de que alguém, em algum lugar, vai clamar que aquilo é propaganda política contra sei la qual a ideologia que essa pessoa adquiriu (no sentido de comprar, mesmo). Mas, tal qual as mulheres bonitas fazem nas festas, Steven Soderbergh deu de ombros pra galera toda e fez um filme GUERRILHEIRO (trocadilho obrigatório).
Isso porque na película Che, o mito, tomou o toco e foi substituído por Che, o homem. Já no início Soderbergh começa a desconstruir a aura mítica, caracterizando o protagonista como alguém fisicamente deficiente, sem força de liderança (algo que obviamente muda ao longo da narrativa), sem medo de perguntar o que não sabe, e por aí vai. Mas, longe de prejudicar, isso facilita a identificação do espectador com aquele barbudo (seria ele membro do Los Hermanos?) alucinado correndo pela floresta sem deixar a boina cair. E se o diretor faz questão de mostrar Che preocupando-se até mesmo com a segurança de pequenos camponeses, também não tira o pé do acelerador ao mostrar o guerrilheiro executando traidores a sangue frio. Porque sabe que isso fazia parte da realidade do sujeito, e negar a existência de tais atitudes é transformar o ato da revolução em algo menos intenso do que realmente foi (vejam bem, não estou dizendo que matar pessoas é certo; apenas identificando que, no contexto narrativo, o fato do protagonista precisar tomar esse tipo de decisão torna o arco dramático percorrido por ele mais real e palpável).
Contrastando com o preto e branco granulado das cenas em Nova Iorque, os “flashbacks” são capturados com a câmera na mão e luz natural (algo recorrente na filmografia de Soderbergh) – afinal, os caras tão lá no meio das FOLHAGENS, e quanto mais suja a fotografia parecer, melhor. E como o diretor manja muito do RISCADO, o filme tem um ritmo bastante envolvente, mesmo quando Che é escanteado pra cuidar dos arranhões da galera e tal. A propósito, já que citei Che, devo salientar o trabalho devastador que Benício Del Toro faz interpretando o revolucionário monossílabo. Consegue passar a intensidade e a paixão do sujeito por seus ideais, convencendo também como líder, carrasco, combatente, guerrilheiro e barbudo.
Claro, nem tudo é utopia socialista: por vezes o filme falha miseravelmente em contextualizar o espectador com relação às ações dos guerrilheiros. É algo tipo “ok, mas eles estavam lá, como chegaram aí? E quem são esses novos? E porque Fidel aparece e vaza sem aviso, como um vilão de fase de videogame antes do confronto final?”. As personagens secundárias são completamente irrelevantes. E identificar alguém ali sem ser Che, Fidel e Raul é trabalho de Google.
Mas são pontos irrelevantes no geral. Afinal, esta é uma obra de ideias. De ideais. De um sujeito que acredita em algo, e não tem medo de pegar um rifle e sair tocando o terror por essa ideologia. Só que esse sujeito também faz questão que os revolucionários saibam ler, e escrever, e aprendam, e entendam pelo que estão lutando. Deixando o mito de lado, o que permanece aqui é a história de um homem. E convenhamos, não dá pra ficar mais grandioso do que isso.
Lights go down
A gente acha que nunca vai acontecer conosco, mas aí vem o destino, esse pirralho que apita a campainha das casas e sai correndo, e PLOFT, dá uma rasteira desleal por trás. Porque hoje a maior tragédia de todas abateu-se em nossa casa: ficamos sem luz. Exatamente, vocês não leram errado, enfrentamos quatro desesperadoras horas sem energia elétrica (mas não se preocupem, estamos todos bem. De alguma forma sobrevivemos. Foi a força e a união, acredito. E também um pedacinho de bolo que havia sobrado, e que serviu para alimentar nossos temerosos corações).
Benditos
Embora antigo, continua absolutamente aniquilador esse comercial da Quilmes para a seleção argentina. Chega a ser ofensivo compará-lo com aquelas brincadeirinhas que fazem envolvendo a seleção brasileira, tão destoante como uma disputa entre Mike Tyson e uma folha de papel. Meu coração transborda de FUTEBOL toda vez que assisto, e olha que, ao contrário de uns e outros aí, nem torço pela Argentina (torço pela Inglaterra. Espero que sejamos campeões neste ano e comemoremos com um CHÁ DAS CINCO destruidor):
2010 na salona
Zumbilândia
Jornalismo e cobiça
É impressão minha ou o jornalismo tornou-se obcecado pelo futuro do pretérito? Principalmente os jornais online. Sempre que eu entro é “fulano teria atirado”, “o suspeito teria sido encontrado”, “o time X teria liberado o jogador”, “fulana seria o pivô da separação”, “o carro estaria cheio de digitais”, “uma cabeça de cavalo teria sido colocada na cama do sujeito enquanto ele dormia”, e por aí vai.
Não é o canal
Começa o ano, e com ele, as inevitáveis tragédias – primeiro Angra dos Reis, depois o Haiti, e agora o BBB 10. Este último, aliás, provou-se notoriamente imortal, tipo uma versão do Fantasma que ao invés de deixar a marca da caveira, deixa marcas de publicidade. E como antes do lançamento pipocam várias daquelas piadas de previsões do tipo “alguém irá transar debaixo do cobertor e fingir vergonha depois”, “alguém vai trair a namorada”, e etc, resolvi fazer aqui uma lista das coisas que certamente NÃO serão ditas nem feitas dentro daquele pardieiro que chamam de “reality show”: