Infinitas Possibilidades

Se não está no Google, não existe. Quantas vezes você já ouviu essa piadinha? Ela deve ter a idade do próprio mecanismo de busca. E ficou tão enraizada na cabeça das pessoas, que deixou de ser piada há muito tempo e se tornou uma espécie de slogan extra-oficial do Google por aqui.
 Fácil perceber que a Google-dependência acometeu um número mais avassalador de pessoas do que a mais assustadora das previsões da OMS para casos de gripe suína. Experimente! Pergunte às pessoas à sua volta o que mudou na vida delas depois que descobriram essa maravilhosa ferramenta. Certamente choverão respostas das mais variadas, mas dificilmente alguém não vai ter nada a dizer a respeito. 
Apesar desse caráter onipresente, a marca Google (ainda) não é a mais valiosa do mundo. Perde para a Apple e para a IBM. Repare, duas outras marcas relacionadas a comunicação/internet/etc. Alias, das 10 marcas mais valiosas de hoje, 7 são desse segmento. Alguém não apostou em Coca-Cola e McDonalds entre os 3 intrusos? 
Esse número mostra, de forma exagerada, o quanto essa tal de internet borbulha em oportunidades. Mas hoje eu li uma pesquisa muito interessante da FGV que mostra que 1/3 dos brasileiros não tem interesse em usar a internet e que mais da metade das pessoas não vê necessidade em usá-la com freqüência. 
A pesquisa se aprofunda mais, a ponto de chegar à conclusão de que não basta disponibilizar computadores para promover inclusão digital. O debate é interessante, mas ao me deparar com um numero tão expressivo de pessoas optando por não ter um contato excessivo com a grande rede, uma pergunta esperançosa ocupou a minha cabeça: Será mesmo que precisa estar no Google pra existir? 
Quando se fala em inúmeras possibilidades, é preciso entender que elas aparecem também offline.

Publicitando

Retomando a coluna com comentários sobre publicidade e imagem de marca (provavelmente inspirado pelo diploma retirado essa semana junto à UFRGS). No IDG Now!, uma retrospectiva com 12 anúncios da Apple divulgados desde a década de 70 me fez apreciar ainda mais as estratégias de comunicação da empresa.


Essa história me fez lembrar de uma outra campanha da Apple, amplamente divulgada via YouTube – o formato era perfeito pra web. Estou falando da histórica briga entre o Mac e o PC, que resultou em vídeos memoráveis como esses abaixo.

Com vocês, comunicação. De qualidade.

Considerações

Acabo de ver no Terra o novo player da Creative, o ZEN. Do tamanho de um cartão de crédito, ele tem capacidade de armazenamento de até 32Gb, roda vídeo, música, rádio FM, tem um tamanho de tela considerável e sai por US$300,00 nos EUA.

Também tive a oportunidade de, no sábado passado, ver de perto um iPhone. Por não ter proximidade o suficiente com o dono do aparelho, não quis pedir pra manuseá-lo, mas à primeira vista parece bastante com aquilo que já foi dito por aí: tela grande, touch screen, interface amigável, blá blá blá.

Esse post, na verdade, não é pra falar de nenhum player, nem é pra comentar nenhum pseudo-celular revolucionário. É, isso sim, pra comentar que eu não me senti lá muito entusiasmado nem com o tal ZEN, nem com o tal iPhone, assim como não tenho ficado lá muito animado com notícias de tecnologia, informática, código aberto e o escambau. Talvez sejam tempos de repensar a coluna, ou de achar outra coluna que me entusiasme mais.

Só considerações.

Domínio eletrônico

O André já demonstrou o seu receio de, mais dia menos dia, sermos completamente dominados pelas máquinas que nos cercam. Hoje, li a notícia abaixo, que me fez pensar que não só as máquinas, mas os seus símbolos também podem, eventualmente, nos dominar.

Mario e Pac-Man são mais famosos que Matt Damon, diz pesquisa [do Terra]

O fato de Mario e Pac Man serem mais famosos do que certas personalidades, na verdade, não é o mais assustador. O interessante é que tais personagens ganham de muitas personalidades no que diz respeito à popularidade e apelo.

“O apelo de Mário não é tão diferente do de Tom Hanks ou Will Smith”, afirmou Bill Glenn, vice-presidente de análise e visão para a Davie Brown Entertainment, que criou o DBI. “Ele é uma figura fascinante e de boa natureza. E, assim como Hanks, tem estado conosco por 25 anos, já se tornou familiar. Para atestar as celebridades, esses são fatores cruciais”, acrescentou em comunicado.

A publicidade se utiliza de personalidades para vender seus produtos em função de seu apelo e, mais do que isso, de sua credibilidade. Penso, então, que as máquinas, ao decidirem dominar a humanidade, utilizarão esses personagens eletrônicos para mobilizar as massas. Mario ou Pac Man, por exemplo, não possuem restrições morais: eles podem, devidamente programados, irem à TV (ou ao YouTube) comunicar ao mundo a rebelião das máquinas. O que é pior: de uma forma simpática e animadora. Nós, humanos, acharíamos tudo tão incrivelmente non sense, ficaríamos tão, mas tão impressionados que não teríamos reação. Teríamos:

O APELO E A CREDIBILIDADE DO PERSONAGEM
+ A LÓGICA DO RACIOCÍNIO DAS MÁQUINAS
—————————————
UMA TEORIA IRREFUTÁVEL DE CONTROLE DA HUMANIDADE

Pensem nisso.

PS: Mais teorias apocalípticas aqui.

Paixão Nacional

A emoção de acompanhar a bola, após um chute forte e bem colocado, atravessar o espaço entre as traves, e logo após o grito da torcida. Apreciar um belo trabalho tático, contendo os atacantes do outro time, impedindo-os de avançarem rumo ao seu próprio campo. Sentir o gosto de um lançamento na medida, o atacante correndo, a plástica da jogada aliada à eficiência, enfim, vocês me entenderam.

Na verdade, vocês acham que entenderam. Todos aqui sabem do gosto dos presentes blogueiros por futebol, mas hoje o enfoque é outro: o negócio aqui é o football. Estamos falando de Madden, a minha mais recente aquisição em termos de jogos eletrônicos. Surpresa positiva, possui um potecial de vício – pasmem! – pouca coisa menor do que Winning Eleven.

Antes de mais nada, mostra-se necessário entender pelo menos um pouco das regras: o que são touchdowns e field goals, quem é o quarterback, como funciona a lógica interna do jogo (4 chances para avançar 10 jardas, até chegar à linha de fundo). Depois disso, é só começar a jogar e se adaptar a esse esporte tão desconhecido para nós.

Jogabilidade nota 10 e gráficos muito bem acabados definem bem o jogo. Além disso, alguns modos de jogo diferentes permitem treinar e adquirir experiência: os Minicamps são ótimos para treinar e testar as funções das várias teclas existentes; o Two minute drill é uma diversão rápida pra quem só quer fazer uns touchdowns e o modo Franchise permite jogar uma temporada completa. E ao correr livre rumo a um touchdown, algumas teclas permitem que o atacante corra de forma cômica, tirando um sarro direto com os adversários – coisa que provavelmente a CBF reprovaria, aconselhando a punição com cartão vermelho.

Só pra dar um gostinho, vai um trailer oficial. Só desconsiderem a música: deixa a desejar tanto no trailer quanto no jogo. Mas nada que tire o brilho geral do espetáculo.

Com vocês, football:

Photoshop ou Photosharer?

Finalmente uma coluna sobre um assunto que há dias estava com vontade de abordar: o Adobe Photoshop Express. Sim, a Adobe resolveu seguir o fluxo mundial de evolução tecnológica e elaborar uma versão online – e gratuita! – para o software de edição de imagens mais famoso de todo o planeta. Pois bem, resolvi dar uma testada no dito cujo, e as perspectivas não são lá muito animadoras.

(Novidade? Sim, mas nossos leitores assíduos lembrarão que o assunto já havia sido abordado em março do ano passado – Cataclisma14, sempre um passo à frente).

O site permite que se faça um test drive, o que dá uma dimensão convincente do que é o programa. Não satisfeito, me cadastrei, subi algumas fotos e dei uma fuçada. No geral, permite a criação e organização de álbuns pessoais, além da edição e do compartilhamento das imagens. Edição, na verdade, é um exagero: as opções de edição são básicas e um tanto quanto sem graça.

Ao que me parece, a Adobe foca seu projeto na organização e no compartilhamento das imagens, ao invés de tentar oferecer um verdadeiro web-based software para edição de fotos. Existem dois problemas nesse enfoque:
(1) espaços para compartilhamento de imagens existem aos montes na internet;
(2) qualquer adolescente de 13 anos consegue publicar suas fotos com edições básicas – seja usando o GIMP, o Paint ou uma cópia pirata do Photoshop. Basta olhar os milhares de flogs espalhados por aí.

Acredito que o projeto seria muito mais bem-sucedido se, ao invés de querer concorrer com o Flickr, ele tentasse fazer frente ao Splashup (antigo Fauxto, citado no post do ano passado). Nesse último, nos sentimos realmente dentro de um editor de imagens, com possibilidades de seleção, filtros e layers. Ou seja: tem mais cara de Photoshop do que o próprio Photoshop Express.

Cortar, rotacionar, ajustar o branco, aplicar filtros (e apenas alguns, predeterminados). Isso é o web-based Photoshop? É pouco, muito pouco. Para ser sincero, é um projeto que já nasce obsoleto e que, caso não ofereça mais funcionalidades, em pouco tempo vai manchar a imagem da empresa.

E essa imagem, amigos, não dá pra corrigir com o Photoshop.

O futuro está chegando

Hoje é a estréia oficial do Hulu, site de vídeos elaborado pela News Corp. e pela NBC Universal que pretende bater o Youtube e o iTunes, ambos projetos bem-sucedidos de oferta de conteúdo multimídia na internet. Pelo que pude ler a respeito, a idéia é oferecer conteúdo de graça, ganhando dinheiro com a publicidade. Ou seja, estão todos vendo que o modelo de gestão de negócios do Google tá dando certo, e agora resolveram aplicá-lo também.

Não é preciso ser um gênio para enxergar que conteúdo na internet é algo tão incontrolável quanto o uso de drogas: por maior que seja a fiscalização e a pressão dos grandes conglomerados de mídia, sempre haverá gente copiando e repassando conteúdo protegido. Sempre. Ou seja: já tá mais do que na hora de pensar num novo modelo de negócio, que reconheça essa nova realidade.

Na home do Hulu, um grande banner inicial oferece várias opções (só para ter uma idéia, as opções são: Welcome to Hulu > Os Simpsons – Dial N for Nerder > Top 10 NBA > Os Suspeitos (filme) > As 3 temporadas de Arrested Development > The Big Lebowsky > Estréia da série Canterbury’s Law > Saturday Night Live. Tá bom ou quer mais?). Infelizmente ainda não dá pra assistir aqui, porque o serviço só está disponível para internautas dos Estados Unidos, mas a perspectiva é das melhores.

É bom ver que enquanto gravadoras esperneiam e tentam nadar contra a maré, peixes grandes da indústria do entretenimento estão adaptando-se e fazendo algo a respeito. Algo positivo. Que seja o primeiro de muitos serviços do gênero, e que chegue logo por aqui.

Os Quatro Capitais

Eu fico otimista ao observar tentativas de governos em projetos de inclusão digital e educação, até porque realmente acredito que o caminho é esse mesmo. O futuro está nas novas redes telemáticas e no uso que as pessoas podem fazer delas.

Lula promete anunciar banda larga em escolas públicas nos próximos dias [IDG Now!]

Ao ler notícias como essa, a minha primeira reação é sempre de otimismo. Mas esse otimismo não vai muito longe, e eu vou buscar lá nas leituras pra minha monografia a explicação pro desânimo que se segue ao sentimento de esperança num futuro melhor.

O Pierre Levy diz que existem 4 capitais [Raphael Perret, no Webinsider]:

(1) o técnico, que vai dar suporte estrutural à construção das idéias e pode ser exemplificado pelas estradas, prédios, meios de comunicação (coisa);

(2) o cultural, mais abstrato, representado pelo conhecimento registrado em livros, enciclopédias, na World Wide Web (signo);

(3) o social, que corresponde ao vínculo entre as pessoas e grau de cooperação entre elas (cognição);

(4) o intelectual, que será a soma dos três capitais anteriores (e que é o núcleo do que chamamos de inteligência coletiva).

Basta olhar pro diagrama acima para entender meu pessimismo: banda larga em escolas públicas são um avanço estrondoso no capital técnico, mas que não irá resolver nada enquanto os capitais cultural e social estiverem capengas do jeito que estão. Constatado o problema estrutural, nada nos resta a não ser chorar no cantinho.

Triste, mas verdadeiro.

Um ano inteiro

No último dia 24, a primeira coluna de tecnologia Expressão Digital foi postada, num projeto de trazer, semana após semana, informações e impressões acerca da nova cena mundial tecnológica (a coluna mais recente foi exatamente no dia 24, mas não tinha me dado conta da data, então vai hoje mesmo).

Por falta de assunto, não vai ter coluna hoje: vai ter só o profundo agradecimento aos leitores, aos companheiros de blogue e aos cliques no adsense que, por bem ou por mal, são o principal motivo das postagens (nem sempre) freqüentes por aqui.

Bons tempos aqueles

“Fato: durante toda nossa vida cresce cerca de 560km de cabelo na nossa cabeça”. Quem foi criança na década de 90 sabe que, toda frase precedida por “Fato” será uma verdade surpreendente. E sabe também que um cara de cabelo estranho e jaleco verde, uma assistente esperta e um cara estúpido com roupa de rato podem fazer história na TV.

Beakman’s World é, provavelmente, o máximo que já se atingiu quando o assunto é TV educativa. A sua forma de explicar o mundo para crianças e jovens foi (ainda é) revolucionária, e esse mérito continua valendo – tente encontrar, hoje em dia, programas com essa qualidade.

A idéia de escrever sobre esse programa veio da minha última aquisição: o dvd The Best of Beakman’s World. Mesmo sem legendas ou áudio em português, é simplesmente demais.

E não é só pelas tiradas cômicas do Lester, pelos diálogos non-sense dos pingüins Herb e Don a cada início / término de programa ou pela forma hilária como eles explicam a ciência. É principalmente pela nostalgia que isso provoca, e pela renovação da esperança de que sim, pode existir TV educativa com qualidade.

Com vocês, ciência.