Sobre o Oasis 2

Quando posso presenciar um show evento de proporções inacreditavelmente desconcertantes, como a apresentação do Oasis, tudo que acontece ali fica em um plano separado na minha cabeça, um onde as palavras não conseguem chegar, onde adjetivos não são nada além de vácuo, onde conceitos e definições não podem ser aplicados.

Após passar por Curitiba, Noel GODLLAGHER criticou a idéia de fazer muitas apresentações pelo país, ao invés de uma grande no Rio e em São Paulo, atraindo maior número de fãs para o mesmo show. De acordo com o guitarrista e suas expressivas sobrancelhas, Curitiba foi ótimo. O show foi, de qualquer forma. Não entendo o que estamos tentando provar quando tocamos em um lugar como aquele e como este de Porto Alegre. Por que não fazer apenas dois puta shows no Rio e em Sao Paolo [sic]?

Depois de visitar a cidade do campeão do mundo, entretanto, Noel mudou um pouquinho sua opinião. E como minhas capacidades textuais estão aquém do necessário para expressar sequer uma noção do que foi o show aqui, deixo vocês com as palavras do próprio Gallagher mais velho, mais carrancudo, mais engraçado e mais talentoso:

Retiro tudo o que disse ontem. Sobre levar a montanha a Maomé (pode falar o nome de Maomé?). O show de ontem foi incrível. Eu digo show, mas não tenho certeza de ter ouvido alguma coisa do que tocamos, mas a noite foi incrível. Incrível, incrível.

A gente também achou que a noite foi supersônica, Noel. A gente também achou.

Sobre o Oasis

Quando a banda entrou no palco, ao som de Fuckin’ in the Bushes, o Gigantinho começou a ruir. As estruturas quebraram, o teto desabou, as vigas despencaram, o concreto não resistiu e cedeu, foi tudo pro chão de uma vez só.

De pé ficaram apenas a música, a sintonia, o delírio, a diversão, as guitarras certeiras, os vocais emocionados, o coração batendo mais forte e o maior refrão da história do universo em Don’t Look Back in Anger, que de tão intenso é capaz de criar vida.

Eu queria encontrar palavras pra descrever, eu realmente queria. Mas “cast your words away upon the waves / sail them home with acquiesce”, como cantou Noel na arrebatadora The Masterplan. Tudo que sei é que ontem algumas notas alcançaram o inacreditável, e tocaram o impossível. Eu estava certo, o Gigantinho não resistiu e foi ao chao. No lugar dele, a música do Oasis construiu seu mundo próprio. E eu estava lá.

i’m feeling supersonic

Durante um dos incontáveis shows que o Oasis fez na carreira, algum fã dotado de senso de humor primário ficava apontando uma caneta laser no rosto do vocalista/marketeiro brigão, Liam Gallagher. A coisa continuou, até que o Gallagher menos talenstoso chegou ao microfone e falou em alto e bom som:

– Ei cara, se você não parar com essa merda eu desço aí e corto sua garganta com meu cartão de crédito.

maybe i don’t really wanna know

Certa feita, em um show do Oasis, o público começou a gritar implacavalmente pedindo que a banda tocasse Live Forever, single do aclamado Definitely Maybe e um clássico definitivo dos ingleses beberrões. Eis que deus-se o seguinte diálogo entre o vocalista/guitarrista Liam Noel Gallagher e os fãs:

– Vocês querem ouvir Live Forever?
– (Público em únissono) Siiiiiiiiiiiiiiim!
– Então vão pra casa e coloquem o disco, é a faixa três.

gin and tonic

Quando do lançamento de seu primeiro disco, o Definitely Maybe, em 1994, o Oasis se viu frente a um processo movido pela Coca-Cola, que bradava furiosamente que a canção Shakermaker era plágio da música I’d Like to Teach The World to Sing, usada em comerciais da companhia refrigerantística/representação do diabo na Terra.

Declaração de Noel Gallagher sobre o processo:
– Agora só tomamos Pepsi.

Notas Curtas Sobre o Fim do Mundo

O mais novo complexo de consumo desenfreado construído em Porto Alegre – também conhecido como “shopping” ou “habitat natural de adolescentes” trouxe para a capital gaúcha lojas novas, como a Fnac, mais filiais de outras que já existiam, como a Saraiva, e uma sinalização que não faz sentido nenhum.

Mas, além de todos esses confortos já citados, o recém-nascido Barra Sul Shopping trouxe para cá uma… loja física da Polishop! Exatamente. Todos aqueles produtos e GERINGONÇAS que a gente vê na TV e acha que são feitos por computador, ali estão, nas prateleiras. Percebem o nível de insanidade da coisa? Os produtos da Polishop EXISTEM. Eles podem ser ACARICIADOS e UTILIZADOS. Estão presentes no mundo físico.

É um absurdo. É o fim do mundo. É como se um cara ficasse resfriado ao receber um vírus no seu computador.

Notas Curtas Sobre o Fim do Mundo

Um dia desses aí a FIFA, Federação Inacreditável de Futebol Amador, veio a público para apresentar a pelota oficial da Copa das Confederações 2009.

Não riam, é verdade: jornalistas e fãs se reuniram em algum lugar do mundo para presenciar o lançamento de uma prima distante daquele objeto que fica debaixo da tua cama. Não apenas isso como CONCEBERAM uma série de explicações para justificar o design da dita-cuja – e se vocês acham que botar uma bola fora de seu habitat natural (qualquer espaço onde possa ser BICADA em direção ao gol) e ofendê-la com elementos da gestalt não serve pra nada, estão enganados: agora as lojas vão poder cobrar cinco vezes o que a pelota realmente vale.

Saudades do tempo onde o interessante do futebol não era a bola, e sim o que os jogadores faziam com ela.