Bombardeio nada cirúrgico

Grêmio 0 x 0 Universidad de Chile
Gols: neca
Local: Estádio Olímpico Monumental

O martelo do destino, insosso e alheio ao coração ardente dos bravos, bateu com força na torcida gremista ontem. Só mesmo a vontade dos deuses para explicar a ausência de tentos na partida – junto, é claro, com a má vontade do árbitro ao não apitar um pênalti em Jonas que, de tão claro, cegou metade do público.

Em campo, o tricolor amassou os universitários como dois adolescentes no cinema. Tcheco, Souza e Jonas arquitetavam tramóias envolventes, com o bom apoio de Ruy “voadora na bola” Cabeção e Jadílson, e tabelas sinuosas com Alex PAODEQUEIJO. Enquanto isso, Adílson provava ser o melhor volante de todos os tempos, distribuindo-se em campo igualmente, tal qual a renda da Suíça. Na noite de ontem, da Inglaterra, Lucas apontou para o seu sucessor alemão e disse “é esse o cara”. De resto, a zaga foi suficientemente segura e Victor, ao final, provavelmente teve que pagar pelo Pay-Per-View.

Só que a bola não entrou. Acertou a trave, o travessão, passou perto, beijou a linha do gol, sassaricou a rede pelo lado de fora, mas não entrou. E agora o tricolor larga com um empate em casa, contra um time fraco, em um jogo que poderia e deveria ter sido goleada. Ainda não sei se isso é bom ou ruim.

Life in Technicolor

“Life in Technicolor”, do Coldplay, me fez concluir que é errado dizer que “na nossa época” a MTV era melhor só porque passava mais vídeos. Era melhor, também, porque os vídeos eram melhores.

Hoje, raras vezes páro o controle remoto na MTV porque tem um vídeo rolando e, quando páro, a fórmula dos clipes parece sempre a mesma: imagens da banda (ou artista) em performance num cenário que varia, sem muito sentido, do banal ao inusitado. Além de chato, invoca um “Já vi isso antes” que te faz usar o controle remoto de novo.

Felizmente, existe a regra de que toda regra tem uma exceção:

“Life in Technicolor”, Coldplay (2009!)

Discurso sendo interrompido por música 2009

Como todos sabem, o Oscar é um engodo. Pura politicagem, submisso às vontades da indústria e com apresentadores murrinhas. Soma-se a isso a cobertura do evento, tão patética quanto premiar Shakespeare Apaixonado, sempre preocupada com as fofocas e deixando de lado as questões realmente importantes.

Atentos à ausência de informação e responsbilidade cinematográfica na mídia tradicional, eu e o Guto, do Solo de Air Guitar (a idéia foi toda dele), fizemos os único comentários sérios e decentes a respeito do Oscar. Afinal, cinema é a sétima arte, e merece respeito. Confiram aqui a lista dos indicados e, abaixo, nossas considerações a respeito dos prêmios.

Melhor Filme
Vai pra Quem Quer Ser um Milionário, calcado nessa onda de premiações politicamente corretas, cult e inteligentinhas.

Melhor Diretor
É a continuação de melhor filme (embora os colorados todos torçam pra Fernando Carvalho vencer, apesar dele não estar concorrendo. Mas divago).

Melhor Ator e Melhor Atriz
Nenhum dos indicados realmente merece o prêmio, então ficamos com Mickey Rourke pela proposta estética e Angelina Jolie por ser bonita (não ganhará). Aliás, se Jolie tivesse se enfeiado para o papel, aí sim apostaríamos na vitória dela e na dobradinha com Brad Pitt, o que causaria um FRENESI FOFOQUEIRO capaz de superar até noite de paredão no BBB.

Melhor Roteiro Original e Adaptado
Não entendemos bem como funcionam essas categorias. Ignorantemente falando, então, apesar de torcer para Na Mira do Chefe, o vencedor na categoria “original” (com aspas, mesmo) deve ser Simplesmente Feliz, dada a atual tendência a premiar filmes indie onde nada demais acontece (Encontros e Desencontros, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Pequena Miss Sunshine, Juno, etc). Já o de roteiro adaptado deveria se chamar Melhor Transcrição de Livro, pois os roteiristas andam simplesmente no Ctrl + C no livro e Ctrl + V na telona.

Melhor Ator Coadjuvante
Bem, todos sabemos que, de 2010 em diante, o o Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante se chamará Troféu Heath Ledger.

Melhor Atriz Coadjuvante
O mais aguardado da noite: como o vencedor do prêmio de ator coadjuvante do ano passado é quem faz a entrega (no caso, Javiem Bardem), Penelope Cruz é uma das favoritas e os dois se pegam afu em Vicky Cristina Barcelona, estamos torcendo para que eles façam sexo no palco.

Melhor Animação
Wall-E para Melhor Animação, provavelmente ganhando mais dois dos outros 4 Oscars que está concorrendo, simplesmente porque é foda (sorte do mundo que esse prêmio não é medido pelo número de brinquedos vendidos, e azar do Kung Fu Panda). A propósito, nós não quase-choramos assistindo à animação.

Melhor Filme Estrangeiro
Ah, vamos lá, alguém REALMENTE se importa?

Melhores Efeitos Visuais
O Curioso Caso de Benjamin Button, disparado, simplesmente porque Brad Pitt velho ficou a cara do Tommy Lee Jones.

Nenhum dos outros prêmios merece menção. Sugerimos urgentemente a criação da categoria ERÓTICO, possivelmente dividida em softporn/hardcore para atender todas as demandas, além de outras como Esses Filmes Super Elogiados Pela Crítica, Do Qual Poderíamos Falar Mais Se Conseguíssemos Resistir Acordados Aos Primeiros 15 Minutos (também chamada de Categoria O Paciente Inglês), Melhor Final Sem Resolução Nenhuma Para Se Passar Por Cult e, claro, o de Melhor Filme Com Temática Gratuita Do Holocausto Apenas Para Ser Premiado Pela Academia. Acreditamos que estas categorias a mais complementam a premiação a abrangem todos os tópicos possíveis.

I want to run

Olhando os arquivos antigos do blog esses dias, me deparei com o seguinte post, intitulado I’m Out of Control, que diz exatamente o seguinte:

Mais uma vez meses de concentração, esforço, trabalho, dedicação e fé convergem em um único fim de semana, que de novo não irá terminar no domingo tedioso, mas sim em uma indescritível noite de segunda. Um desfecho grandioso, espetacular, com direito a luzes que cegam, batidas mais fortes que as do coração e uma saudação simples: “Hello, hello”.

Se alguém perguntar por nós, estamos em um lugar chamado Vertigo.

Então me dei conta: hoje faz três anos que a turnê Vertigo aterrisou no Brasil. E não só o show, como a antecipação, o nervosismo, as reviravoltas na odisséia para chegar lá, a mistura de felicidade e tristeza ao final, tudo isso deu ao espetáculo, já grandioso, uma aura mítica. E eu não teria chegado lá se não fosse pelo Bruno, pelo Leandro e pela Márcia, que em nenhum momento reclamaram de cansaço ou stress ou falta de grana ou um dos tantos obstaculos que tivemos que enfrentar.

Acho que foi a maior coisa que eu já fiz na vida, em termos de aventura, de jornada, de riscos. Não à toa a viagem rendeu um post do Leandro e uma narrativa minha dividida em seis partes (parte um, parte dois, parte três, parte catorze, parte cinco, parte seis). Eu nunca tinha viajado de avião, nem ido à São Paulo, nem conhecido Sorocaba, nem caminhado pela Paulista, nem botado uma mochila nas costas e partido pro tudo ou nada, nem virado a noite no aeroporto para trabalhar na manhã seguinte. Nós chegamos um dia antes do show sem os três ingressos na mão, por exemplo, e tivemos que nos separar antes de entrar no estádio – mas, no final, nos reencontramos praticamente na frente do palco. Os três. E deu tudo certo, de uma forma que eu só tinha visto nos filmes. Porque, na boa, ninguém merecia estar lá mais do que nós. E isso tudo pode até parecer pouco perto de quem arruma as malas e se manda pra algum canto do mundo a esmo, mas éramos apenas três estudantes mal remunerados que tentavam realizar um sonho. E conseguiram.

Por isso, toda vez que assisto um vídeo como esse abaixo, sinto vontade de fechar os olhos, abrir os braços e correr pra longe, bem longe. Lá onde as ruas não tem nome.

Se olharem com cuidado, entre 1m46s e 1m49s do vídeo, verão o leandro pulando no canto esquerdo da tela, na frente de uma caixa de isopor.

Dente por dente

Uma inevitável ida ao dentista essa última semana me lembrou de alguns aspectos. Pequenos eventos que, quando somados, constroem aquela fascinante atmosfera, parecida com um mascarado e sua serra elétrica perseguindo adolescentes em um filme de terror:

– O ventinho. Todo mundo odeia as brocas e pinças, mas isso já é esperado quando se vai ao dentista. Agora, aquele ventinho quieto ali no canto, quando se empolga, dá um choque nos dentes e um frio na espinha que dura horas;

– O fato do dentista puxar conversa enquanto ta com uma broca alojada na tua boca. A lógica é mais ou menos o seguinte: tu tá com uma broca na boca, certo? E tem um cara tentando conversar contigo ao mesmo tempo, certo? E apenas o fato de tentar dialogar enquanto seu interlocutor está com a LARINGE exposta mostra que o sujeito não bate muito bem da cabeça, certo? Pois é esse sujeito que não bate muito bem da cabeça que tá controlando o objeto giratório e cortante dentro da tua boca;

– A anestesia. Começa que a expressão implica na existência de uma seringa, o que já não é nada louvável. Aí quando a agulha dessa seringa tem dois centímetros e meio de tamanho e IRROMPE (sim, a palavra é IRROMPE) inteira na tua bochecha, o desembarque na Normandia parece uma partida de Banco Imobiliário. E quando o dentista finalmente PRONUNCIA que “essa anestesia é ruim, a agulha tem que entrar inteira na bochecha e ela não funciona 100%”, tua cabeça já começa a inventar palavrões – como “filho de um CUZARALHUTASEFODER”. Então, o cara solta “ok, já deve estar anestesiado… se doer tu grita, certo?”;

– O medo de morrer envenenado. É tanta substancia e algodão e metal e etc que tu simplesmente fica com medo de engolir saliva para evitar uma possível morte por ENVENENAMENTO DENTAL dez minutos após deixar o consultório.

– A indescritivelmente repulsiva sensação de sofrer por tanto tempo e, ao final, desembolsar uma grana para pagar o cara.

Curtas

Sim, Senhor – 2/5
Alguém pegou o GENIAL O Mentiroso, deu Ctrl +C seguido de Ctrl + V e mudou as frases da voz passiva para a voz ativa com o intuito de fazer parecer um filme diferente. Mas tem momentos bastante engraçados e divertidos, apesar do final mais forçado do que Gilberto Silva na seleção.

O Procurado – 1/5
Quase duas horas de Angelina Jolie fazendo cara de “eu sou fodona”, reviravoltas irritantes e bullet-times recauchutados. Um filme de ação nada inspirado, que se vangloria apenas da Sra. Brad Pitt e de ter seus protagonistas atirando de TRIVELA quando necessário.

A Família Savage – 5/5
Philip Seymour Hoffman absolutamente genial, como de costume, e acompanhado por uma Laura Linney jogando no mesmo nível. Sem exageros, sem dramatizações, sem grandes conflitos aparentes, a diretora Tamara Jenkins conta uma história emocionante.

Revolver – 3/5
Após casar com a Madonna, Guy Ritchie SAOPAULINEOU e deixou de lado seus filmes vikings para fazer o intragável Destino Insólito. Com Revolver o cara voltou às películas de gângsters, mas acaba perdendo o fio da meada quando adiciona elementos psicológicos na tentativa de construir uma reviravolta. Eu gostava mais quando ele resolvia as intrincadas tramas de suas obras simplesmente matando todo mundo.

Kung-Fu Panda – 3/5
É incrível como as animações da Dramworks e da Pixar mantém-se do nível “bom” pra cima. Kung-Fu Panda pode não ser um Wall-E ou Shrek, mas garante boas risadas em noventa e poucos minutos de diversão intensa.

Coraline e o Mundo Secreto – 4/5
Por falar em animações, eis aí uma que reuniu a velha técnica de massinha Stop-Motion com projeção 3D, e se saiu bem. A história é assutadora na medida certa, as personagens são interessantes, o visual é digno de levantar do sofá e erguer os braços em comemoração (a projeção 3D, aliás, é espetacular). Foda é aguentar a pirralhada no cinema, mas ei, tudo pela sétima arte.

Trovão Tropical – 3/5
Robert Downey Jr. e Jack Black, ambos completamente alucinados, atuam no mesmo nível do Romário em 1994, carregando nas costas um filme com uma boa idéia mal aproveitada.

South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes – 5/5
Não tem como não dar nota máxima para um desenho que tem o seguinte diálogo, entre um garoto e o chef do refeitório escolar:
– Chef, como eu faço para uma garota gostar mais de mim do que de outro?
– Ah, é fácil, você só precisa encontrar o clitóris.

EuroTrip – 4/5
Apesar de (poucos) momentos previsíveis e clichês e idiotas, o filme nunca se leva a sério. Assim, ao invés de soar preconceituosa, a visão estereotipada com que os povos europeus são tratados dá margem para uma série de piadas que funcionam como um relógio suiço (desculpem, não deu pra resistir). Sem contar que Vinnie Jones tocando o terror nos franceses é uma cena inesquecível.

The Oscar is (not) on the table

Este ano, a cerimônia (no sentido de algo chato, arrastado, mesmo) de entrega do Oscar vai cair no mesmo dia dos desfiles das escolas de samba (no sentido de algo chato, arrastado, mesmo). Como a galera prefere o bundalelê da “maior festa cultural brasileira”(risos) à politicagem completamente sem sentido do Academia, o que veremos na telinha da Globo no dia 22 é a ala das baianas e a bateria dos foliões – no entanto, no melhor estilo “gordinho dono da bola que não joga se não cobrar todas as faltas”, a emissora que mente não cedeu os direitos de transmissão da festa acadêmica pra mais ninguém. O resultado? Os cinéfilos pobres que não tem tv a cabo (e pobre é minoria no Brasil, aparentemente) terão que se contentar com FLASHES da entrega dos prêmios durante os desfiles.

Mais informações e opiniões melhores vocês encontram aqui. E embora deva ser a coisa mais linda do mundo ver um FADE entre a bunda da (atriz genérica da Globo) e a singela face do favorito ao Oscar de melhor ator, devo dizer que fiquei indignado ao saber da não-transmissão por TV aberta: graças aos mestre-salas, não poderei fazer um minuto-a-minuto da cerimônia, com frases do tipo “Brad Pitt vence e caminha com cuidado até o palco para não tropeçar nos lábios de Angelina Jolie”, “este ano Jon Stewart foi substituído como apresentador por Hugh Jackman – fontes seguras informam que quem comandará a bagaça em 2010 será ELANO” e “ao ver Batman não vencer um prêmio, Christian Bale subiu no palco, puteou todo mundo por quatro minutos e foi aplaudido de pé por cineastas independentes”. Paciência.

Semi-considerações futebolísticas

– Eu ia comentar sobre o Gre-nal, mas não vi. Aliás, não sei porque a imprensa enche tanto o saco quando tem treino fechado e exalta os envolvidos quando tem JOGO fechado – porque uma partida em Erechim, a preços altos e transmissão exclusivamente via Pay-Per-View é praticamente um BUNKER do esporte bretão;

– Eu ia comentar sobre o amistoso da seleção(?) BRASILEIRA(??) contra a ITÁLIA na INGLATERRA, mas não vou assistir, pois infelizmente ainda faço parte da minoria de brasileiros que não mora na europa e estará trabalhando no horário do jogo. Resta a torcida para que a azurra vença de meio a zero, com o gol saindo de um quase-penalti-roubado-de-mão-impedida. E se o Materazzi aparecer e resolver castrar o Robinho, também não vai ser ruim;

– Eu ia comentar sobre a demissão do Big Phil, mas tudo indica que ele voltará a treinar o Brasil – não há nada oficial ainda, claro, mas o técnico já admitiu que permanecerá residindo na Inglaterra que, como todos sabem, é a atual terra natal da seleção brasileira.

Back in the USSR

English Russia é um blog repleto de imagens históricas e atuais da Rússia e dos países da antiga União Soviética. O interessante de navegar pelos posts é perceber, através das fotos, como o regime Comunista, as duas Guerras Mundiais e algumas décadas do embate ideológico da Guerra Fria tranformou esta sociedade durante todo o século passado.

Há fotos antigas de cidades como Moscou e Leningrado, retratos coloridos de soldados soviéticos em combate na 2ª Guerra Mundial e várias imagens que revelam o desenvolvimento de uma potência nos anos 60 e 70, até a abertura do regime no final dos anos 80.

Para quem, como eu, sempre teve uma visão da União Soviética e do Comunismo bastante influenciada limitada por Hollywood e pelo american way of life ocidental, fica a dica.