Seria cômico, se não fosse trágico

Vésperas de eleição, e lá vamos nós para a boa e velha farsa que há tantos anos nos acostumamos a ver – votar, acreditar, se decepcionar. Pra tentar encarar essa história toda com um pouco de bom humor, relembro as palavras do Juca Chaves, nessa que pra mim é uma das letras mais inteligentes dele. Aproveitemos pra rir bastante por agora – porque depois, não nos resta senão o choro e a decepção.

Políticos de Cordel
Juca Chaves

Esse brasil é um puteiro – até aí, nada de novo – pois a puta é o próprio povo, o fregues ou é banqueiro, comerciante ou ladrão.
Político é o cafetão; a polícia, cafetina; a imprensa, cocaína que vicia o cidadão.

O médico é o charlatão, o charlatão é o doutor, o estudante é um professor, o professor é vilão e o artista, um marginal.
Ontem, hoje, tudo igual, e amanhã será o quê? Se a justiça é um crupiê, vence a banca, é natural.

Afinal quem é que fez essa grande confusão? Foi um herói português que, expulsando outro francês, afundou essa nação.
Pois agora a solução é embrulhá-la num jornal, devolvê-la a Portugal e depois pedir perdão.

Presidente é quem preside, governador, quem governa. Como aqui é uma baderna, um cantador do nordeste disse uma frase batuta:
“Se bicudo vem de bica e se grota vem de gruta, conforme a palavra indica, deputado vem de puta”!

Deus ajude que não morra o jeitinho brasileiro. Somos putas então, porra, que viva o nosso puteiro!

Sorrisos e lágrimas ao mesmo tempo – é, eu sei, é brabo.

Beijo nas gurias, abraços pro resto.

Parece mentira mas é verdade

Tomei um decisão sensata: resolvi não mentir mais, nunca, sob hipótese alguma. Como sei que a parte “não mentir mais, nunca, sob hipótese alguma” é mentira, não vou me cobrar muito, mas pretendo não usar este artifício na maior parte das situações da vida.

“Tá ficando velho”, vocês deve estar pensando. Ledo engano. Não estou ficando velho, muito menos tentando me tornar uma pessoa melhor. Apenas descobri, graças à pequenas mentiras, que cedo ou tarde a verdade aparece – então, inevitavelmente teremos que lidar com o fato/acontecimento/situação/problema, e é melhor fazer isso na hora porque depois o fato/acontecimento/situação/problema vai adquirir proporções maiores. Perceberam? Não é uma questão de caráter, mas sim de medo, de buscar o caminho mais fácil.

Claro, tem muita gente por aí que não mente (ou pelo menos diz que não). Que são pessoas íntegras, que são corretas, e blá blá blá. Pura balela. Se alguém não conta mentiras, é porque teme que o assunto tome proporções maiores do que deveria (ou as devidas proporções). Não evita, foge. Não tenta solucionar, simplesmente aceita.

Por isso, desconfiem de qualquer pessoa que não minta. Pode até parecer inicialmente uma virtude, um comportamento de alguém que deseja ser íntegro, e batalhar para que o mundo se torne um lugar belo, puro e verdadeiro.

Mas, na verdade, é covardia mesmo.

Indústria

Acabei de assistir na globo “Inspetor Bugiganga 2”. Que, como a imensa maioria das continuações, decepcionou. Mas isso não vem ao caso agora, o que interessa é que o filme foi o empurrão que faltava para este post que eu a muito queria publicar, sobre minhas reflexões a respeito da indústria.

Como eu gosto de fazer, vou tentar me expressar atraves de ilustrações. Vou mostrar casos em que a indústria influiu diretamente na minha vida, ou nem tanto assim… positiva ou negativamente.

Desde que eu coloquei aparelho nos dentes, a cerca de 6 meses, o maior problema que eu enfrentava era não poder mais mascar chiclete (((falando assim, se esse é meu maior problema, que vida boa que eu levo!))) mas eis que a industria trouxe a solução: a Adams lançou o Trident em forma de Tic-Tac!!! Perfeito! todos os efeitos benéficos da goma de mascar, sem que eu tenha que comprar briga com o meu ortodentista.

Outro dia, no nosso churras farroupilha, levantou-se a discussão sobre se a Ford ainda fabricava o Ka, seu carrinho de brinqued… popular. Trabalho com cotação de veículos lá na BV, pesquisei, foi fácil. Não só ainda existe Ka 0km, como um de seus modelos leva a extensão mp3 no nome, por dar de brinde um mp3 player. A piada veio pronta: qual dos dois é o brinde???

Eu gosto bastante e recomendo o creme de barbear da Bozano, com aloe vera. Mas eu enfrentava dificuldades ao me barbear, pois seu tubo era como os de pomadas: de papelão. E isso lhe confere dois defeitos, a imaleabilidade e a fragilidade. Resultado? meu tubo sempre rasgava bem antes de terminar o conteúdo e eu nunca podia aproveitar todo o creme. Isso me incomodava bastante, cheguei a anotar o 0800 deles pra reclamar, mas pelos mesmos motivos que me levaram a quase não escrever esse post eu fui adiando a minha reclamação. Porém outro dia lá no Super qual não foi o tamanho da minha surpresa e satisfação ao ver a nova embalagem do meu creme predileto! plástica e prática como as de pasta de dente! Acho que estou desenvolvendo minhas faculdades de telepatia.

Vi na propaganda da nova kaiser ((tudo que é ruim eles chamam de novo para tentar uma nova chance de vender: nova schin está aí comprovando…)) que agora eles pertencem a uma cervejaria multinacional, a Femsa. Eles produzem 7 bilhoes de litros de ceva por ano – dados extraídos da peça mencionada. Isso daria, se todos os 6 bilhoes de habitantes do mundo bebessem, aproximadamente 1,18 litros por pessoa por ano, ou 2 garrafas – cálculo feito de cabeça, em 1,18 segundos. Mas entre as cervejas que eles fabricam estão a Carlsberg, a Sol e agora a Kaiser. Alguém aí quer as minhas duas cevas?

PS.: nenhuma das empresas aqui citadas, nem tampouco suas concorrentes me pagaram por este texto.

Esta noite jantaremos no inferno!!!

Em 480 a.C. o rei persa Xerxes, buscando expandir seus domínios, pediu às cidade-estado gregas um pouco de água e terra como prova de sua submissão. Tendo os espartanos negado este pedido, decidiu IMPOR a submissão: reuniu seu exército de centenas de milhares de guerreiros, talvez milhões, e os enviou para atacar a Grécia. O rei de Esparta, Leônidas, convocou seus 300 soldados, mais alguns árcades e outros vizinhos, somando pouco mais de dez mil. Não preciso dizer quem estava em desvantagem.

Deslocando-se para o desfiladeiro chamado Termópilas, Leônidas conseguiu barrar o avanço dos persas, pois ali de nada valia seu grande número – e os espartanos, os poucos espartanos, eram verdadeiros guerreiros, nascidos e treinados desde a infância para a guerra, brigando com energia por cada centímetro daquele desfiladeiro.

Uma batalha épica, um ato de heroísmo inigualável, onde se construíram lendas e histórias que são repetidas até hoje. Um confronto onde a bravura e a técnica valeram muito mais do que a superioridade númerica. Um resgate aos valores de honra, moral e lealdade, que agora será transformado em uma superprodução que tentará fazer jus ao que aconteceu. Confiram no trailer abaixo:

Espartanos não fogem. Espartanos não se rendem.

Porque meu voto é nulo

Doutora Vru me escreveu no Orkut pedindo voto. Usando exclamações, me convidou para “uma revolução virtual”, “com poder digital” contra as oligarquias. Motivado menos pela proposta genérica e sem sentido (como a maioria das propostas sempre são) que pela curiosidade com o nome estranho (Doutora o quê?), resolvi clicar e ver o que encontraria.

Pois bem, nenhuma surpresa. Mais tosco que o layout do site (provavelmente feito pelo filho do amigo do tio que sabe usar Corel Draw) só mesmo os textos da Doutora. Clama pela realização de um sonho de um mundo melhor, com a ajuda de todos, etc. “Só por Deus, minha gente!”, canta ela no (também tosco) jingle da campanha, que toca a cada link navegado.

Candidata a deputada federal, Vru é de um partido evangélico. Desses, que quando ganharem força na Câmara vão barrar pesquisa com células-tronco, casamento homessexual e campanhas pró uso de preservativo, “porque Deus não permite”.

O bizarro é que, ao lado do atraso que ela e esses partidos representam, a Doutora é toda moderna e usa a internet para apresentar suas obviedades propostas e pedir votos. “Uma revolução virtual com poder digital”, ah, entendi.

De fato, a internet é uma grande ferramenta de comunicação em época de eleição, e tem muitos candidatos fazendo bom uso dela. Três exemplo, de esquerda, centro e direita, só para forçar uma imparcialidade. Mas não é o caso de Vru, que está apelando para a tática de atirar para todos os lados usando o Orkut (só para ilustrar, ela concorre por SP e eu voto no RS).

O fato é que a Doutora Vru, assim como a maioria dos candidatos, não possui perfil nem conhecimento políticos necessários pra exercer um mandato. São apenas laranjas figuras carismáticas escaladas para somar votos para seus partídos. Que nem o Enéas fez na eleição passada.

Ê Brasil!

Breakfast at Tiffany’s

“I don’t think I’ve ever drunk champagne before breakfast. With breakfast on several occasions, but never before, before.”

Paul Varjak (interpretado por George Peppard), em um dos bons momentos cômicos.

“You know what’s wrong with you, Miss Whoever-you-are? You’re chicken, you’ve got no guts. You’re afraid to stick out your chin and say, “Okay, life’s a fact, people do fall in love, people do belong to each other, because that’s the only chance anybody’s got for real happiness.” You call yourself a free spirit, a “wild thing,” and you’re terrified somebody’s gonna stick you in a cage. Well baby, you’re already in that cage. You built it yourself. And it’s not bounded in the west by Tulip, Texas, or in the east by Somali-land. It’s wherever you go. Because no matter where you run, you just end up running into yourself.”

Paul Varjak (interpretado por George Peppard), em um dos bons momentos dramáticos.

Não é um Laranja Mecânica, nem um Dogville, mas simpatizei muito com “Bonequinha de Luxo”. Vale pela história, vale pelas boas tiradas do George Peppard, mas vale mais ainda pela Audrey Hepburn.

Beijos nas gurias, abraços no resto.