2014

Desde que Joseph Blatter assumiu a presidência da Federação Internacional de Futebol AMADOR, em 1998, o nível do esporte vem decaindo de forma signficativa. O que se tem visto desde lá é uma tentativa de transformar o “mundo da bola” em um “negócio da bola”, cada vez mais empresarial, político e lucrativo e menos empolgante. Os fair plays propostos pelo sueco suiço estão levando o glorioso esporte bretão a se tornar algo interte, corriqueiro.. enfim, em entretenimento.

No entanto, de todas as decisões ruins que Blatter e seus companheiros de jogos de xadrez às tardes tomaram, escolher o Brasil como sede de uma Copa do Mundo foi a pior. Tanto que a CBF já começou com um erro grosseiro: o que Paulo Coelho estava fazendo na Suiça, e por que Pelé, o maior jogador de todos os tempos, não viajou com a delegação?

A resposta, claro, é que Pelé não vai com a cara de Ricardo Teixeira, e vice-versa – portanto, o presidente da CORRUPÇÃO Brasileira de Futebol, no cargo há mais ou menos oito mil anos, só dá chances para seus amiguinhos políticos. E são esses amiguinhos que vão supervisionar as obras, fazer os projetos, superfaturar os orçamentos… é um bom momento para conhecer pessoalmente o cara.

Sem contar, claro, no dinheiro público que vai escoar para o torneio. Será que vão criar um Imposto da Copa? Já até vejo o mascote na TV dizendo “Pague em dia e concorra a ingressos para jogos”. De resto, ouvi dizer que os flanelinhas já estão fazendo cursos de inglês, os malabaristas das sinaleiras comprando camisetas “Brasil 2014” e os mendigos se comprometendo a evaporar para não comprometer a boa imagem do país. E a questão da segurança não é problema, sempre se pode desviar dinheiro que seria investido em educação (por falar nisso, as torcidas organizadas já estão se preparando para mostrar aos hooligans quem são os mais machos).

Enquanto isso, o povo comemorando nas ruas não percebe que não terá condições de comprar um ingresso. E gente como eu, que em 2002 acordou às cinco da manhã para assitir Rússia x Tunísia, terá que economizar alguns meses para justamente conseguir assistir um Rússia x Tunísia qualquer. Já “apaixonados” por futebol do quilate de William Bonner, Luciano Huck e Carolina Dieckman, entre outros, receberão ingressos de graça antes que se possa dizer “Ibrahimovic”.

é tudo da RBS!

Sim, Vai dizer que o Paulo Brito não tá botando grana no Orkut..

Aviso do Orkut assim que a gente envia um scrap pra pessoa:

Feito! Sua mensagem foi enviada. Veja o recado que você acabou de deixar na página de Márcia.”

Podia ser assim, ó: “Feito! Aaa… sua mensagem chega lá…”

Reality shows

Difícil não se envolver nas discussões que um certo filme sobre o BOPE anda causando – até porque, sendo Tropa de Elite um fenômeno social, todos querem dar sua opinião sobre o “Capitão Nascimento”, sobre a corrupção, sobre as drogas… enfim, agora todos querem falar sobre problemas que deveriam ser discutidos na mídia frequentemente, e não a cada sucesso de bilheteria (eu sei, eu sei, teoria do agenda-setting e tal).

O cinema , enquanto arte / entretenimento / publicidade / produto, pode ser discutido por qualquer pessoa com coerência, não obrigando ninguém a saber o número de leucócitos que cada frame possui para opinar(falando em um tipo de discussão relativamente superficial, claro – um advogado, um engenheiro, um médico e um estagiário de informática podem, em uma mesa de bar, realizar uma conversa decente e enriquecedora sobre determinado filme).

Mas quando a conversa gira em torno de um “filme-evento” – sobre o qual todo mundo já possui idéias pré-estabelecidas graças às propagandas – volta e meia alguns debatedores acabam se apoiando em slogans e estratégias de marketing para se justificar, falhando ao enxergar de forma crítica a obra em si (em um debate sobre o filme 300, por exemplo, é comum alguém recorrer ao argumento de “filme revolucionário” – expressão martelada insistentemente pela publicidade do mesmo -, ignorando que a película de Zack Snyder recicla idéias e técnicas de Amor Além da Vida, Snatch – Porcos e Diamantes e Sin City – A Cidade do Pecado).

Dito isto, é um absurdo que as pessoas se refiram a obras como Tropa de Elite, Cidade de Deus ou O Resgate do Soldado Ryan como sendo “a realidade”. Ora, o cinema é sempre uma representação, e nunca a realidade propriamente dita. O que se vê na tela é apenas uma encenação do real, manipulada por elementos como iluminação, fotografia e edição, cujo trabalho é expor o ponto de vista do diretor. Não quero aqui dizer que a invasão da Normandia filmada por Spielberg é falsa ou exagerada, não é isso, mas ela não passa de um recurso dramático utilizado dentro de uma narrativa para provocar no espectador determinada reação (tensão, horror, medo). Um filme que quisesse fazer propaganda da guerra, por exemplo, provavelmente destacaria valores como honra, lealdade e amor à pátria (pouco abordados nos vinte minutos iniciais de O Resgate do Soldado Ryan), ao invés de se concentrar nas tripas e pedaços de corpos voando (abordados de forma maciça).

Muitas vezes, inclusive, um filme propositalmente exagerado (como Laranja Mecânica ou Assassinos por Natureza) consegue abordar um tema com mais precisão e impacto do que uma narrativa convencional. Tudo depende do que se quer dizer. No caso de Tropa de Elite, optar por um estilo “documental” foi uma decisão acertada, pois a câmera sempre chacoalhando e a fotografia escura realçam a condição marginalizada dos moradores das favelas (enquanto a iluminação clara da sede do BOPE dá um tom de impessoalidade).

Mas o cinema possuí tantas formas de abordar uma história, tantas formas de cativar o espectador, que devemos desconfiar toda vez que alguém fala “… com um realismo nunca antes visto”. No final das contas, José Padilha seguindo os atores com a câmera na mão e Oliver Stone apresentado dois assassinos em uma estrutura parecida com a de um sitcom buscam a mesma coisa: provocar o espectador. Nos filmes citados, ambos obtiveram sucesso. Agora, se uma película sobre fantasmas como O Sexto Sentido consegue trabalhar melhor a questão do isolamento e das relações humanas do que um filme “realista” como Babel, quem pode dizer o que é real?

A Máfia Automotiva

Olha que bala, achei uma reportagem no jornal ZH que cita a participação das montadoras no mercado nacional, de janeiro a setembro deste ano, em vendas de automóveis. A líder, até o momento, é a italiana Fiat, dona da Ferrari e da marca que estampava uma cobra até pouco tempo, ai ai… (“tutti buona genti”, é assim Kleiton? meu “portuliano” é uma M!)

Fiat: 26,03%
VW: 23,03
GM: 21,48
Ford: 10,76
Honda: 3,52 (aquele da propaganda “Não tem cara de tiozããããoo..”)
Peugeot: 3,40
Toyota: 3,11
Renault: 3,05
Citröen: 1,94
Outros: 3,68

“84, 74% dos modelos vendidos neste período eram biocombustíveis”.

E os modelos mais vendidos:

Gol: 171,065 (unidades)
Palio: 160,661
Uno: 92,848
Celta: 91.726
Fox/Crossfox: 90.216

Acho que se fosse mais fácil trocar pneu de Celta, ele vendia mais, não é Leandro?

Planos

A coluna já sai atrasada, e todos sabem que a causa é a monografia. Na verdade, tudo nos últimos tempos gira em torno da monografia. Então decidi que a coluna dessa semana também vai girar em torno dela. Às favas com o assunto originalmente proposto para a coluna – tecnologia. Só não quero deixar os leitores no vácuo.

Estive pensando como será minha participação no Cataclisma14 nas próximas semanas. E acreditem: a perspectiva não é nada animadora. Os dias abaixo são as quartas-feiras que, teoricamente, deveriam trazer uma coluna Expressão Digital.

31/10 – Dois dias antes, terei entregue o formulário com os nomes dos 3 professores que farão parte da banca, bem como o título e as definições de data/hora. Ou seja, não dá mais pra voltar atrás. Bate o desespero, tento analisar os portais governamentais até de madrugada, e a coluna talvez saia na quinta-feira, talvez não.

07/11 – A data de entrega das três cópias da monografia está a exatas duas semanas de chegar. Vejo que não tenho o número de páginas que esperava ter, e o desespero volta. Um lembrete do Google chega no meu email: “Postar Expressão Digital”. Putz. Num golpe de covardia, escrevo sobre as observações que fiz na análise da minha monografia, que têm a ver com o assunto da coluna, e que são as únicas coisas que passam pela minha cabeça no momento.

14/11 – 1 SEMANA!!!! PUTA QUE PARIU!!!! 1 SEMANA!!! Nada de coluna, como vocês podem imaginar. Últimos ajustes na monografia. Olho para o relógio (do celular) a cada 5 minutos, pensando que são 300 segundos a menos para entregar o trabalho final que vai me libertar dos grilhões da faculdade. Ansiedade pegando.

21/11 – Êxtase total. Levo as três cópias da mono até a secretaria, provavelmente peço um recibo, para garantir. Volto pra casa, abro uma champanhe, comemoro com as pessoas próximas e escrevo uma coluna light e desconexa, mas finalmente dentro do prazo.

28/11 – A ansiedade da espera pelo dia da banca é terrível. Além disso, ainda tem o trabalho de Especialização (quem mandou não fazer antes…?) e o trabalho final de Psicologia Social I, pra complicar mais minha vida. Não me importo de tirar um C, desde que acabe o pesadelo. Coluna burocrática, provavelmente sobre alguma notícia tirada do IDG Now!.

05/12 – Já terei apresentado o trabalho para minha banca. Mais êxtase, outra champanhe aberta, talvez um jantar fora para celebrar. Outra coluna desviada do assunto, com expressões como “UHUUU!!!” e frases desconexas sobre formatura.

A partir daí, espero manter a regularidade, voltando a postar às quartas-feiras.

Memória visual de Porto Alegre

Foi inaugurada, no último dia 9 de outubro, a exposição “Memória visual de Porto Alegre e as transformações da cidade”. Lá, deve ter sido lançado um livro e um banco de imagens sobre a cidade. Saiu reportagem no Jornal Correio do Povo, do dia 7, e eu guardei aqui pra não esquecer. Há umas duas semanas, visitei a exposição dos 50 anos do Grupo RBS e achei realmente bem interessante. O que me fez visitar a exposição da RBS? Sim, a propaganda da TV. Se eu tivesse visto os papeis guardados aqui, teria ido visitar a exposição de memória visual. Mas não vi.

Vale a pedida para aqueles que curtem ver fotos dos prédios e ruas antigas da nossa capital, o que é o meu caso. Certa época, ainda trabalhando no Museu da UFRGS, descobri que a universidade tem várias fotos em P&B de Porto Alegre, do início do século passado (o século XX, não confunda!). De várias imagens, encontrava-se apenas o filme, sem revelação.

Sobre as imagens da tal exposição de memória visual, diz a reportagem do CP lá do dia 7, há registros da inauguração da Ponte do Guaíba (que inclusive saiu foto da “maquete” antes da sua construção, em ZH da semana passada, não me lembro qual), a primeira procissão de Nossa Senhora dos Navegantes e alguns desfiles militares, na época em que estes desfiles eram realizados na Rua dos Andradas. Pra você que ficou curioso, a exposição ainda deve estar aberta no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa (Rua dos Andradas, 959).

Abraços

Ah, esses publicitários…

Na Zero Hora de hoje, página 41, há uma breve entrevista com o Felipão, que estava de passagem pela Capital – na verdade, como disse o repórter, são os “principais trechos”. Das oito perguntas publicadas, uma se refere ao Brasil nas eliminatórias, uma à dupla Gre-Nal no Brasileirão, três se referem ao soco que o técnico deu no sérvio Dragutinovic e (apenas) uma questiona as chances de Portugal na Euro 2008.

As duas que faltam, reproduzo abaixo:

ZH – O Pato tem de jogar na seleção?
Felipão – Este não é um assunto que tu tenhas que falar comigo. Tens que falar com o Dunga.

ZH – E se o Pato fosse português?
Felipão – Iria observá-lo para trabalhar na seleção de Portugal. Mas ele não é português. Não é um tema sobre o qual eu possa opinar.

Duas perguntas, em oito, sobre um profissional com vinte e poucas partidas no currículo e que atualmente não está jogando por nenhum clube(entretanto a Eurocopa, cujas eliminatórias terminam em novembro e possuí poucas equipes já classificadas, praticamente não foi abordada).

Considerando que, no intervalo da partida Brasil x Equador no Maracanã, ao invés de mostrar os gols das eliminatórias (tanto da Euro como da Copa) a Globo preferiu entrevistar a Fernanda Montenegro, chegamos à conclusão de que “globalização” é uma coisa completamente diferente de “globoalização”.

Opinião

Fica só como recomendação de leitura, ainda sobre o Tropa de Elite.

Um aperitivo:

“Esta guerra contrapõe dignidade a tolerância; autopreservação a escrúpulos; liberdade a responsabilidade. É preciso escolher um lado. Todos estão certos e errados, mas separados de maneira inconciliável. O cerne da questão, o que precisa ser mudado, são as circunstâncias.”