This is the end

Grêmio 2 x 2 Cruzeiro
Gols: Wellington Paulista, 34′ e 36′ 1°T (Cruzeiro); Réver 9′ e Souza 29′ 2°T (Grêmio)
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre

Esse seria o momento de dizer que o Grêmio foi valente, e brigão, e que foi pra cima do Cruzeiro e tentou sempre buscar um resultado, mesmo que fosse inalcançável. Porque o Grêmio foi valente, e brigão, e foi pra cima do Cruzeiro e tentou sempre buscar o resultado. Mas só fez isso porque deixou a situação chegar a tal ponto.

Maxi Lopes e Alex Mineiro, na primeira partida, definiram a classificação cruzeirense ao errar dois lances que, de tão fáceis, deveriam levar os jogadores à corte marcial. A raposa astuta não desperdiçou suas chances lá e veio pra Porto Alegre carregando uma boa vantagem nas malas. Precisando do resultado, o Grêmio se inflou de hélio e começou a mandar balão atrás de balão, na esperança que o medíocre Maxi Lopes e o incansável Herrera fizessem alguma coisa com as bolas quadradas que recebiam. Não fizeram. Quem fez foi Kléber, o Gladiador: na linha de fundo, passou por Fábio Santos como um estudante do terceiro ano passando por um da segunda série e cruzou rasteiro, permitindo que Wellington Paulista chutasse a gordinha no meio de todos os zagueiros do mundo. Cruzeiro um a zero. Um MICROÍNFIMOMILIONÉSIMO de segundo depois, a pior linha de impedimento da história do futebol deixou o mesmo WP à vontade para cabecear e marcar um segundo – um adolescente com acesso à pornografia na internet e uma tranca na porta do quarto não teria tanta tranquilidade.

Veio a segunda etapa e agora o tricolor precisava de cinco gols pra se classificar à finalíssima (mais ou menos o número de gols que Maxi Lopes tem na carreira). Ainda desorganizado, mais na vontade do que na técnica, foi indo pra cima, tentando acossar o Cruzeiro, que apesar dos gols não fazia mais do que uma partida mediana. A força de vontade do Grêmio foi tanta que Tcheco cobrou um dos milhares de escanteios da noite e Réver, o Escolhido, saltou alucinado para enfiar a pelota dentro do gol. Faltavam só quatro. Pouco depois Wagner escapou pela esquerda feito uma gazela, em contra-ataque, e teria chegado facilmente ao gol se não tivesse sofrido um golpe de PANCRÁSSIO desferido pelo volante Adílson (até então o melhor gremista no jogo). Vermelho pra ele, e o tricolor com um a menos. Os cruzeirenses poderiam sentar no gramado e jogar Banco Imobiliário se quisessem, e ainda assim sairiam classificados.

Aos 29 o endiabrado Souza acertaria um chute daqueles de apresentar pra família, empatando o jogo, mas o placar não mudou mais. Diversas reclamações sobre um pênalti não marcado em Herrera (e que realmente ocorreu – arbitragem FAIL) quando a partida ainda estava 0 a 0 estão sendo vociferadas aos quatro ventos, só que não foi isso que eliminou a equipe gaúcha. Chances foram criadas, oportunidades apareceram. E os gols que ficaram pelo caminho, que não percorreram sua trajetória natural até o fundo das redes, foram os responsáveis por deixar o Grêmio pelo caminho da competição. Antes de qualquer coisa, falta quem consiga empurrar a bola pra dentro nesse time – a menos, claro, que todos estejam seguindo a famosa filosofia de Parreira, aquela da qual veio o sábio dizer “o gol é apenas um detalhe”.

Pelada sem juiz

Cruzeiro 3 x 1 Grêmio
Gols: Wellington Paulista, 37’1°T, Wagner, 2′, Fabinho, 21′ 2°T (Cruzeiro); Souza, 33′ 2°T (Grêmio)
Local: Estádio Mineirão

A frase ideal para iniciar o texto seria “uma vitória do Grêmio contra o Cruzeiro, no Mineirão, é tão provável quanto uma vitória dos Estados Unidos contra a Fúria Espanhola”, mas os ianques não apenas corroboraram a sorte da seleção de Dunga como estragaram o início desse post. Enfim, o tricolor chegou em Minas com cara de mau e disposto a amarrar esse tabu numa pedra e jogá-lo no rio.

A partida começou parelha. O Cruzeiro controlava mais a bola, mas, tal qual o melhor amigo de uma garota bonita, desfrutava da companhia sem conseguir ir às favas. A equipe estrelada encontrou pela frente um Grêmio sólido, que se mantinha defensivamente e criava boas chances no ataque – duas delas jogadas no lixo por Alex Mineiro, e uma perdida por Máxi Lopez, que depois do lance deveria mudar seu nome para MINI Lopez, uma vez que um caramujo reumático faria o gol que ele perdeu. A raposa também teve suas oportunidades, e jogo fluía com grandes chances de pauleira descontrolada graças à conivência do árbitro. No entanto, em uma escapada marota pela direita, Kléber Gladiador cruzou e Wellington Paulista, aproveitando-se que Léo tentava dividir de cabeça 8.354 por 684, pegou Marcelo Grohe no contrapé e fez o crime. E a etapa 1 ficou nisso.

A etapa 2 trouxe a campo um Cruzeiro aloprado. Já aos dois minutos, Wagner arrematou de fora da área, a bola passou por onde os culhões de Tcheco estariam se ele os tivesse, desviou e enganou o arqueiro tricolor. Depois a zaga gremista estendeu um tapete vermelho e enviou um convite para que Fabinho entrasse na área e desviasse um cruzamento de cabeça, fazendo 3 a 0. Estávamos apenas na metade do primeiro segundo tempo, e o Grêmio parecia liquidado como uma blusa fora de moda.

A pressão cruzeirense cessou quando o juiz botafogueou e pediu pra sair, acusando uma distensão na panturrilha. Então o tricolor gaúcho, com Herrera no lugar de Alex PÃODEQUEIJO, partiu para abocanhar seu pedaço de esperança. Os gremistas circundavam a área adversária infrutiferamente até que, aos 33 minutos, Souza cobrou uma falta que poderia ser capa da Playboy e descontou. A partida continuou tensa até o apito final do quarto árbitro, mas não passou disso. Semana que vem, tem o jogo de volta, no Olímpico, um simples dois a zero bota o Grêmio na final da Taça Libertadores da América. E dá.

Meu amigo regulamento

Grêmio 0 x 0 Caracas
Gols: Nem
Local: Estádio Olímpico Monumental, Porto Alegre

Ah, o Grêmio. Time de tantas tradições, tantas conquistas, tantas vitórias. Equipe peleadora, que se atira sobre o pescoço do inimigo na primeira oportunidade, que briga até o apito final, e as vezes até depois do apito final. Esse Grêmio, cativante, arrebatador, encara o mundo moderno com desprezo e não abre mão de seus antigos hábitos: ainda estão lá a raça, a entrega, o coração, e, claro, a obrigação de se classificar no último suspiro, mesmo enfrentando uma equipe de cadeiras de praia.

O Caracas veio a Porto Alegre com a impossível missão de vencer ou empatar com gols. Digo “impossível” porque um time daqueles não merece confiança nem para atravessar a rua. Aliás, eu sequer deixaria o Caracas tomando conta do meu cachorro enquanto vou à padaria. O fato é que a equipe venezuelana chegou aqui e deu de cara com um Grêmio bem articulado, onde Tcheco distribuía passes como quitutes em uma festa e Adílson elevava-se à décima quarta potência. Mas as chances de gol esbarravam no cabelo esvoaçante de Xuxa López, que não convertia as intrincadas tramas em tentos. Seguiram-se mais alguns minutos de uma onda batendo contra um rochedo, um pênalti claríssimo não marcado a favor dos tricolores e a sensação de que a partida já poderia estar liquidada.

Veio o segundo tempo, e como uma sequência Hollywoodiana o Grêmio continuava com os mesmos erros. A ladainha se repetiu até o final, quando a tradição de se classificar no sufoco entrou em campo e a cueca apertou. O Caracas teve seus momentos de lucidez e quase se classificou num lance onde Réver deu o maior carrinho da história do universo, e em outro onde o atacante venezuelano decidiu continuar virgem e ignorou o gol aberto, cabeceando pra fora. A equipe tricolor ganhando as vagas para as semi, e agora enfrenta São Paulo ou Cruzeiro, mas é preciso melhorar: nem sempre o Regulamento estará disponível para ser escalado.

Onde a noção foi brutalmente assassinada

Caracas 1 x 1 Grêmio
Gols: Cichero, 2’1°T (Caracas); Fábio Santos, 28’°T (Grêmio)
Local: Estádio Pseudo-Gramado Olímpico de la Ciudad Universitaria de Caracas

Aos trinta minutos do segundo tempo, Tcheco cobrou uma falta e fez a bola aterrisar (sim, a palavra é aterrisar) com perfeição na cabeça de Fábio Santos, que mandou para o fundo das redes. Foi o primeiro gol do Grêmio. Foi também a primeira jogada de perigo do Grêmio, e a primeira jogada do Grêmio que funcionou, e o primeiro lance que não fez os torcedores gremistas chutarem a parede de raiva, e o primeiro minuto da partida onde nenhum jogador gremista arrefeceu intensamente as possibilidades de ataque do time. Pra todos os efeitos, o Grêmio entrou em campo aos trinta do segundo tempo.

Antes disso, aos dois minutos de jogo, durante uma GREVE DOS CONTROLADORES AÉREOS na zaga tricolor, o Caracas aproveitou uma cobrança de falta e marcou de cabeça com Cichero. O gol durante as preliminares deu à fraca equipe venezuelana a chance de exibir sua teatralidade: os jogadores dançavam o quebra-nozes ao menor contato físico, os gandulas faziam a mágica do sumiço da bola, o estádio se gabou de seu sistema de drenagem acionando os chafarizes logo após o tento do Grêmio. Uma putaria sem fim. À total ausência de coerência na equipe gaúcha durante a partida (principalmente no primeiro tempo) somam-se o gramado que aparentemente havia sido palco de uma guerra civil no dia anterior e as atitudes do árbitro Roberto IRMÃO METRALHA Silveira, que claramente roubou (sim, a palavra é roubou) a favor do time da casa (embora não tenha influenciado em nenhum lance capital – alguns anos de serviço comunitário seria uma pena adequada).

No entanto, minha análise pode estar equivocada, uma vez que ontem fui submetido à maior demência televisiva que um pessoa pode presenciar. A RBS TV interrompia a partida para mostrar lances importantes(risos) de Inter x Coritiba pela Copa do Brasil. Que mostrem os gols, tudo bem, é algo lógico. Agora, a certa altura, quando Souza irrompia em um ataque veloz pelo lado direito, a emissora(?) cortou para o Beira-Rio e mostrou o peladeiro Taison sendo entrevistado. Quando voltou à Venezuela, o goleiro do Caracas estava cobrando tiro de meta. Souza poderia ter sido alvejado por uma metralhadora que ninguém ficaria sabendo.

Independente de questões puramente práticas (o jogo do Inter estava sendo transmitido em dois canais – uma deles da televisão aberta), fui obrigado a digerir a informação subjetiva de que a Copa do Brasil e a Libertadores estão no mesmo saco. Tive que segurar o vômito ao ver manchetes como “Noite de emoções para a dupla Gre-Nal”. Que o Grêmio vença essa Libertadores, e desmembre o Barcelona na final do Mundial Interclubes, e depois fuja do Brasil e passe a disputar torneios argentinos ou europeus. Sério. O futebol aqui caminha para se tornar uma paródia de si mesmo.

Onde os fracos não têm vez

Grêmio 2 x 0 San Martín
Gols: Jonas, 17′ 1°T, Herrera, 29 2° T (Grêmio)
Local: Estádio Olímpico Monumental

Com a caixa d’água colossal que São Pedro derrubou em Porto Alegre, o Grêmio se limitou a dar um caldinho no San Martín, nada muito além. O time dos peruanos, que de tão ruim é digno não apenas de pena, mas também de assistência social e merece uma ONG para cuidar de seus negóciso, assistiu enquanto Adílson e Souza irrompiam pelo meio com facilidade assustadora, criando tramóias envolventes graças à boa movimentação de Xuxa Lopez e Jonas, o Errante. Destaque também para a velocidade de Tcheco, que ao invés de correr como uma garotinha de 10 anos, correu como um garotinho de 10 anos. Alguns pilotam melhor na chuva, mesmo.

Mas a chuva intensa previa acontecimentos inexplicáveis – e isso ficou claro quando Fábio Santos acertou um cruzamento perfeito, amaciando a redonda na cabeça de Jonas, que testeou para o fundo das redes. Somado à vantagem obtida na partida passada, o 1 a 0 e a fragilidade do San Martín deixavam o Grêmio na posição de juntar umas cadeiras e fazer um torneiozinho interno de poquer durante a partida.

O segundo tempo começou sem chuva, e também sem futebol empolgante. O San Martín obtinha tanto sucesso em suas empreitadas ao gol tricolor quanto o cinema brasileiro em arrecadar Oscars. A sonolenta lenga-lenga continou até que Jadílson, em outro fenômeno inexplicável, alçou a bola na área, na direção de Xuxa Lopez. A loira pulou, rebolou o quadril e, em um belo lance, usou o pé esquerdo fazer a pelota flanar em direção à Herrera. O outro argentino do grupo acossou o goleiro adversário, finalizando com precisão insuspeitada e marcando o segundo gol do tricolor. O Grêmio, aos poucos, vai abrindo seu caminho para o tri de América sem ter dó nenhuma dos fracos. Resta saber o que vai acontecer quando os valentões aparecerem pelo caminho.

Uma boa encaminhada

San Martín 1 x 3 Grêmio
Gols:
Gordinho Arzuaga, 33′ 1°T (San Martín); Souza, 8′ 1°T, Maxi López, 1′ e 16′ 2°T
Local: Estádio Alejandro Villanueva, Lima, Peru

Passada a primeira fase com seus times surrealmente ruins e fatalmente destinados ao esquecimento na história da competição, o tricolor gaúcho começou mais uma vez sua escalada na montanha que separa os homens das crianças. Mas a primeira partida das oitavas de final reservaram para o Grêmio um adversário tão bonzinho que faz juz ao seu nome.

Já no início, aos oito minutos, Souza saltitou por cima de seu marcador, engatilhou a chuteira amarela bagaceira e despejou uma pedrada contra o arqueiro adversário, que nada pôde fazer. Um a zero. Mesmo assim, a equipe gaúcha continuava dando piques pelo imenso campo e botando o San Martín na roda. O tipo de jogo que o torcedor relaxa com sua cerveja e espera para se dar ao trabalho de contar os gols apenas ao final da partida.

Mas o futebol, esse guri travesso, sempre apronta das suas. Aproveitando uma chulapeada completamente sem sentido da zaga gremista, o gordinho Arzuaga recebeu um belo lançamento dentro da área. Mostrando inteligência e velocidade até então insuspeitadas, o atacante de ossos largos cortou Fábio Santos e arrematou no canto, vencendo até mesmo Victor, The Wall. Um empate que nem o Grêmio nem Nostradamus haviam previsto.

Por isso a equipe gaúcha voltou para o segundo tempo com ganas de reverter o resultado ruim revertido. E a um minuto do início, após um cruzamento de Souza, que claramente estava com a setinha do Winning Eleven apontada para cima, o argentino Máxi Lopes e seu rabo de cavalo irromperam na pelota, jogando a dita-cuja para o capim no fundo das redes. O gol abalou o já abalado San Martín, que trocava passes e tentava investir em vão, como um cavalheiro que corteja uma donzela mesmo sabendo que não vai rolar sexo no final da noite. Aproveitando-se disso, Jonas, o Errante, ultrapassou o marcador na ponta direita, pegou uma trena, mediu a distância entre a bola e a cabeça de Máxi Lopez, e cruzou. O argentino zombou da gravidade e flanou no ar, desferindo uma poderosa rabodecavalada na redonda e conferindo seu segundo tento na noite.

A partir daí, o Grêmio apenas administrou a situação, embora Tcheco quase tenha marcado um belo gol após driblar três(!) adversários. E com uma vantagem folgada, tudo que se espera do tricolor é que não flamenguize no jogo de volta, esse sim valendo a classificação definitiva para um degrau mais alto na almejada competição sul-americana.

A peleja é no Monumental

Grêmio 3 x 0 Boyacá Chicó
Gols: Souza 12′ e 16′, Léo 29’1°T (Grêmio)
Local: Estádio Olímpico Monumental, Porto Alegre, capital do mundo conhecido

O Grêmio pisou no gramado já classificado, precisando apenas de uma vitória para ser o melhor time da primeira fase da Libertadores. Já o Boyacá pisou no gramado e… bem, e foi isso.

Para o tricolor, o primeiro tempo desceu como uma gelada após um bate-bola pegado: simplesmente ignorando a presença do adversário, o Grêmio jogava com a descontração de um três-dentro-três-fora. A coisa seguiu tranquila como uma roda de maconheiros tocando violão, até que Souza, após receber um lançamento plasticamente irretocável de Adílson, triveleou a pelota e derrubou a coruja, marcando 1 a 0 para os caseiros. Sem forçar muito os tricolores aumentaram, quando Jonas, o Errante, largou uma bandeja de fritas para Souza na área, que não perdoou e arrematou com força para o fundo das redes. Léo, o Inconstante, ainda ampliaria, pegando a sobra após um daqueles lances “ninguém é de ninguém” na área.

O segundo tempo começou quando Léo, o Inconstante, deu um pênalti para que o Boyacá tivesse alguma chance. O goleiro Victor, no entanto, flanou em direção à bola, impedindo que ela beijasse as redes e mostrando que é, de fato, o maior goleiro de todos os tempos. À grandiosidade do arqueiro gremista seguiu-se um segundo tempo enfadonho. O Boyacá colocou sua marcação alguns passos à frente, obrigando os zagueiros tricolores a darem chutões à rodo, mas sem grandes efeitos práticos. O Grêmio até teve um ou outro suspiro de bom futebol, mas nada muito efetivo. E a coisa acabou assim: Grêmio com a melhor campanha, e garantindo o segundo jogo sempre no Monumental. Libertadores, tremei!

Comprando ingresso antecipado

Universidad do Chile 0 x 2 Grêmio
Gols: Léo, 31′(1°T), Máxi Lopez, 20′(2°T)(Grêmio)
Local: Estádio Nacional, em Santigao

A partida começou meio que como uma reunião dançante, os dois lados querendo mexer os pés, mas sem muita coragem. Aí acabou o guaraná e a Universidad perdeu a timidez, partindo pra cima do tricolor gaúcho. Victor fez uma defesa aqui, outra acolá, milagreou um pouco, e os chilenos continuavam não chegando a lugar nenhum. A certa altura da pelada, Maxi Lopez ricocheteou pela esquerda, cruzou, e Jonas fez o que ele faz melhor: acertou a trave. No rebote, Léo foi sagaz e, de cabeça, largou a rechonchuda na rede. Grêmio 1 a 0.

O segundo tempo começou com os chilenos mandando ver (parênteses: por que todo time chileno tem um Rojas?), mas parando nas boas defesas do arqueiro [/elifoot] gremista e na marcação de Adílson, que chafurdava por todos os lados do campo escurraçando os atletas universitários pra longe da bola. Mas o perigo atentava contra o gol tricolor. Foi então que Souza irrompeu pela lateral esquerda, fintou um chileno e deu um lançamento que não irei macular com adjetivos mundanos, apenas direi que merece ser adorado e receber sacrifícios de virgens. Então Maxi López e seu rabo de cavalo sacolejante tocaram no cantinho do goleiro e ampliaram a vantagem tricolor.

A partir daí, foi só manter o resultado. O Grêmio morcegou a partida com experiência, garantindo os três pontos, a classificação, o primeiro lugar no grupo, a vaga mais perto da porta e a área VIP. Nada mal pra quem, até pouco tempo atrás, tinha Celso Roth.

Comentando no escuro

Grêmio 3 x 0 Aurora
Gols: Rafael Marques, 31′ (1°T), Maxi Lopez, 19′, Réver, 36′ (2°T)
Local: Estádio Olímpico Monumental, Porto Alegre

Por motivos profissionais, não pude comparecer ao estádio e, consequentemente, não assisti à partida. Portanto, tentarei adivinhar o que aconteceu:

O Grêmio entra em campo sem Jonas, suspenso, Alex Mineiro e Ruy, lesionados, e Celso Roth, chutado da equipe como um cachorro que se atraca nas latas de lixo dos restaurantes. O Aurora entra em campo com máquinas fotográficas, filmadoras, camisetas floridas e bonés, pois turismo é a única coisa que eles realmente poderiam fazer aqui.

O jogo começa truncado. A linha de impedimento da equipe do Aurora, postada dois passos à frente da linha do gol, segura a barra. O Grêmio perde uma chance atrás da outra, e da outra, e da outra, e da outra, e da outra, e da outra, e das outras. O toma-lá-dá-cá segue até que Rafael Marques, que até hoje nunca havia usado a cabeça direito, coloca o Grêmio na frente.

O segundo tempo começa com a mesma lenga-lenga. Após o nonagésimo chute na trave, Herrera vai até o Chuí buscar a bola e alça a gordinha na área. Maxi López, em câmera lenta, pula, posa para a foto e despeja uma cabeçada diga do Oscar de Direção de Arte. É o terceiro gol na carreira do ex-chiquitita.

Já na finalera, quando a galera se arrasta em campo e combina aquele chope depois da partida, a bola se pôs (inevitável) na área do Aurora, quicou aqui, sambou acolá, até que Réver, de TRICICLO, direcionou a pelota para o fundo das redes. Se o tricolor não mostrou um futebol vistoso, ao menos o jogo mostrou que quem impedia os gols do Grêmio na Libertadores era o bigode fugitivo de Celso Roth.

Mais do mesmo

Aurora 1 x 2 Grêmio
Gols: Jonas(41′ 1T), Tcheco (41′ 2T), pelo Grêmio; Paredes (8′ 2T) pelo Aurora
Local: Estádio Félix Capriles, Cochabamba, Bolívia

Só o Grêmio mesmo. Diante de um time de botão, a equipe tricolor mostrou passes envolventes, triangulações, tabelas, inclusive jogadas que Kubric gostaria de filmar. Mas o funcionalismo público do ataque mostrou as caras de novo: completamente burocrático nas finalizações, o Grêmio carimbava sua incompetência de fazer gols.

Isso até o momento em que Alex Pãodequeijo assistiu Jonas que, alucinado, irrompeu na defesa para fazer as redes bolivianas dançarem. Mas mesmo com o placar já desvirginado, a equipe gaúcha continuou arremessando chances claras de gol no fundo do poço – numa delas, o goleiro Victor claramente proferiu impropérios contra as futuras gerações de Alex Mineiro, em uma cena que faria o Rocky Balboa tremer no calção dos Estados Unidos.

Bem, como Victor é o maior goleiro de todos os tempos, estava certo, e logo de uma jogada do Aurora NASCEU (desculpem, trocadilho inevitável) o gol de empate. Então Jonas foi expulso e o jogo foi pra hora do rush, truncado, parado, cheio de ofensas e implicações e sem direção nenhuma. Tudo apontava para menos dois pontos fáceis no saldo bancário do Grêmio quando Tcheco, o iluminado, alçou a pelota em direção ao gol sem perigo nenhum. Tudo indicava mais um lance insosso como um conto da Martha Medeiros. Mas eis que o goleiro auroreado, em um momento único de inspiração, abraçou com gosto um frango do tamanho da cabeça do Ruy. E o Grêmio foi salvo pelas mãos de quem tentava acabar com ele.