2012 sob as lentes

Chegamos ao final do ano. E, enquanto as pessoas ficavam por aí bebendo champanhe e degustando comidas requintadas que não chegam aos pés de um simples bife com batata frita, eu mergulhei em um complexo sistema de dados e nomes (um arquivo do Word) para fazer a lista dos melhores filmes de 2012 – sempre lembrando, a lista é composta apenas por filmes lançados comercialmente no Brasil neste ano, então não reclamem de uma eventual ausência aquela produção que vocês baixaram via torrent em 1080p e que só será lançada no país do carnaval em 2015.

Seguem abaixo os destaques do ano, sempre acompanhados do seu título original e o nome do diretor ao lado. Depois, seguimos com os piores, a surpresa, a decepção e o tão aguardado top3 do ano. Provavelmente esqueci algum filme (ou não assisti), então sintam-se à vontade para me xingar nos comentários. Mas vamos lá:
As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin, Steven Spielberg)
Os Descendentes (The Descendants, Alexander Payne)
Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin, Lynne Ramsay)
A Separação (Jodaeiye Nader az Simin, Asghar Farhadi)
O Artista (The Artist, Michel Hazanavicius)
A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, Martin Scorsese)
Drive (idem, Nicolas Winding Refn)
Os Vingadores (The Avengers, Joss Whedon)
Jovens Adultos (Young Adult, Jason Reitman)
Para Roma Com Amor (To Rome With Love, Woody Allen)
Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, Christopher Nolan)
O Ditador (The Dictator, Larry Charles)
The Sunset Limited (idem, Tommy Lee Jones)
Ted (idem, Seth McFarlane)
Looper (idem, Rian Johnson)
Soldier/Citizen (Bagrut Lochamim, Silvina Landesman)*
007 – Operação Skyfall (Skyfall, Sam Mendes)
Argo (idem, Ben Affleck)
O Homem da Máfia (Killing Them Softly, Andrew Dominik)
As Aventuras de Pi (Life of Pi, Ang Lee)
Shame (idem, Steve McQueen)
Moonrise Kingdom (idem, Wes Anderson)
Amor (Amour, Michael Haneke)**
*Vi na mostra de São Paulo, então não sei quando e se vai entrar no circuito comercial (duvido muito);
**Vi na mostra de torrents da internet. Parece que talvez seja lançado no Brasil ano que vem, mas, vai ficar na lista de 2012 mesmo.
O Pior do Ano
Está se tornando uma tradição anual no cinema: repleto de personagens chatos e irritantes, diálogos chatos e irritantes, cenas de ação chatas e irritantes e um dos finais mais chatos, irritantes e covardes dos últimos tempos, Amanhecer – Parte 2 amarga a lanterninha do ano cinematográfico. O lado bom é que é o último da franquia, mas nem o alívio proporcionado pela aparição dos créditos consegue levar o filme a algum lugar além da terra demoníaca do fracasso.
A Decepção do Ano
Considerando seu competente diretor e o material de origem (embora eu nunca tenha lido o livro), a chatice total de Na Estrada torna o filme uma desilusão maciça, duas horas de situações modorrentas que se arrastam pelo que parece ser um cruzeiro de três semanas para o tédio. Nem a nudez da orelhuda Kristen Stewart consegue dar algum brilho. Assim, a película recebe o prêmio de decepção do ano, o que, considerando a vida arrastada daquelas personagens, provavelmente é a coisa mais legal que já aconteceu com elas.
A Surpresa do Ano
Depois que Os Mercenários se mostrou nada além de uma versão anabolizada de Sex on the City, parecia que nenhum filme de ação conseguiria ter novamente aquele clima de levantar os braços e gritar “é isso aí!”. Mas eis que do nada, sem ninguém esperar, chega Dredd, com sua história simples feito bife com batata frita (observar referência no primeiro parágrafo do texto), ação desenfreada, boa utilização do 3D e frases de efeito transbordando testosterona, e sai tocando o terror e chutando a bunda de todo mundo. Cerveja e churrasco em versão cinematográfica.
Os Melhores
Esse ano foi complicado. A primeira posição nem foi tão difícil,  mas definir os concorrentes para a segunda e terceira vagas, com sete candidatos, foi algo que exigiu muita perspicácia, nesse caso representada por uma latinha de cerveja que clareou as ideias. Seguem os escolhidos:
3 – O Espião Que Sabia Demais (Tinker, Taylor, Soldier, Spy, Tomas Alfredson)
É curioso que O Espião Que Sabia Demais tenha saído no mesmo ano que 007 – Operação Skyfall, uma vez que, embora ambos sejam filmes de espionagem, não poderiam ser mais diferentes: ao contrário do glamour e da ação que sempre acompanham o filhote de Ian Fleming, o filme de Tomas Alfredson é cadenciado, contemplativo, preocupando-se mais com os aspectos da inteligência e a evolução das personagens do que com a ação propriamente dita – um jogo de xadrez com peões humanos e uma atuação desconcertante de Gary Oldman (perdão pela redundância), exibindo ainda fotografia e direção espetaculares. Além disso, a trama complexa e envolvente mantém o espectador sempre atento. Uma daquelas obras extremamente únicas, que trazem um novo olhar para o gênero de espionagem. E que até poderia estar melhor posicionada, se não fosse…
2 – Millenium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (The Girl With the Dragon Tattoo, David Fincher)
… a irritante habilidade que David Fincher tem de utilizar de forma magistral todos os recursos à sua disposição para contar uma grande história. Em Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, o diretor pega uma trama sem grandes atrativos ou surpresas e a eleva a um patamar que eu só posso definir como certo. Construindo uma coesão épica entre todos os elementos da linguagem cinematográfica para mostrar suas personagens e os acontecimentos da narrativa, Fincher vai do perturbador (aquela cena com o tutor de Lisbeth) até momentos de partir o coração (no final, principalmente), passando pelo suspense e drama, claro. Uma aula de como se conta uma história, polvilhada com um elenco em chamas e uma das melhores cenas de abertura/créditos de todos os tempos. Que, pensando a respeito, poderia até assumir a primeira posição nesta balbúrdia. Só que…
1 – O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball, Benett Miller)
… quando Brad Pitt nasceu, a mãe dele o mergulhou em um rio mágico, tornando seu corpo invulnerável à . realização de filmes ruins (exceto o calcanhar, também conhecido como “Babel“). E em O Homem Que Mudou o Jogo, Pitt se entrega a uma atuação cativante em um filme que redefine o verbete “cativante” na Wikipédia: apresentando um roteiro certamente trabalhado até os dedos sangrarem sobre o teclado, uma galeria de personagens envolvente e direção e montagem em níveis “Copa do Mundo”, a película vai se desenrolando e conquistando o coração do espectador em sequências certeiras, construídas com cuidado e inspiração – e aqui podemos falar tanto do momento quando Beane e Brand realizam uma transação extremamente complicada quanto da transição em que a filha de Beane toca violão e o áudio da cena seguinte – a torcida no estádio – entra um pouco antes. É uma produção tão bem desenvolvida, tão bem cuidada, que o seu plano final é com certeza o melhor do ano – e sem reviravoltas, sem exageros, sem grandes surpresas ou situações grandiosas, apenas um desfecho emocionante para um filme que se preocupou em conduzir as coisas e fornecer ao público tudo que ele precisava para chorar no cantinho com a última cena. Afinal, uma história inesquecível nada mais é do que uma história muito bem contada. E isso O Homem Que Mudou o Jogo tem de sobra.
Bem, é isso. É a lista. Concordem, discordem, xinguem, sintam-se em casa para comentar os filmes aqui citado, ou os não citados, e tornar a coisa ainda mais pertinente. Foi um ano de bons filmes e grandes lançamentos, mas não tanto quanto 2011 ou 2010. De qualquer jeito, resta esperar para ver o que esse mundão do cinema vai nos trazer em 2013. Ao menos não teremos mais Crepúsculo, certo? Se bem que vem por aí João e Maria e a continuação de Branca de Neve e o Caçador… haja paciência. Apesar disso, desejo um Feliz Ano Novo a todos.

A interatividade tomou conta da cidade.

Tal qual aquele garoto de 15 anos que é desesperadamente vendido como uma promessa de craque, a internet não entregou tudo que podia e prometia (abraço, democratização da informação) – pelo contrário, na maior parte do tempo, apenas traduziu a sociedade real para a virtual e mostrou como o gosto musical do mundo é ruim. E trouxe também uma palavra que surge bastante em tudo que é lugar, normalmente como a salvadora e pilar essencial do sucesso de qualquer projeto: a interatividade.
Hoje em dia não existe interatividade em excesso. Ela permeia todos os níveis de todas as discussões de negócios do mundo, sejam elas de alto escalão ou de coisas que são puro hobby, surgindo na mente dos interativistas como um catalisador de sucesso e dinheiro e mulheres, um contrato garantindo a posição mais alta no desfile de projetos que tem o mundo como platéia. A sua ideia precisa necessariamente enxergar o público como crianças inquietas que querem acreditar ser parte de algo maior, tipo aquela mãe que deixa o filho buscar o leite na geladeira só pra ele achar que ajudou a fazer o almoço. Falam até em livro interativo e filme interativo, desconsiderando completamente que a) o livro é provavelmente a bugiganga mais interativa* de todos os tempos, já que basicamente o leitor imagina tudo que acontece, e b) um filme interativo é um videogame, reconhecido como uma mídia diferente do cinema pelas mais altas instituições (o arquétipo que expressa para a sociedade e o fato de que megastores separam essas mídias em categorias diferentes  (curiosamente, os videogames agora estão menos interativos, pois há mais filmezinhos entre as fases, diminuindo o tempo de jogabilidade pura, que é o motivo que leva as pessoas a comprarem os jogos em primeiro lugar. Vejo indícios de uma conspiração).
*aqui é necessário esclarecer ao leitor que a interatividade abordada no post é a interatividade corporativa, aquela que obriga o objeto da interação a tomar alguma ação decisiva de alguma forma, indicando que, sim, ele buscar o leite na geladeira é parte do projeto e que não saberíamos o que fazer sem ele; a outra interatividade, atribuída nos texto aos livros, jamais é levada em consideração porque não tem muita relevância para aumentar as vendas, e todos os envolvidos com a interatividade corporativa esperam que ela morra logo e na pobreza.
Ou seja, não interessa se é algo já pronto, nem se você pode completar esse algo com suas impressões e interpretações a respeito dele: o que importa é que você faça parte de algo, ajude a enrolar os negrinhos, segure a porta aberta enquanto alguém leva o lixo pra fora. Que você pertença àquilo de uma forma física ou virtual, mas jamais imaginária, que existam provas e que as pessoas saibam o que você fez. Interatividade, esse sinônimo do século XXI para “carência”.

O dia em que meu dedo beijou uma pedra

Temos uma pedra na cozinha aqui de casa, utilizada como peso para segurar a porta da cozinha. É uma pedra cinza, áspera, relativamente grande – nada gigantesco, no máximo 15cm de altura ou largura, apenas maior do que a maioria das pedras que se vê em ambiente urbano. Talvez atinja uns 8 ou 9 na escala da danos causados caso seja atirada com fúria em alguém. É uma pedra com uma curva extremamente típica das pedras, com um formato semelhante a 1/4 de uma bola, um daqueles formatos que necessitavam de oito equações e uma página de cálculos para serem desvendados nas aulas de geometria. Ela é tão arquétipa que parece ser artificial, embora não o seja – sua única artificialidade consiste no corte reto e cristalizado que interrompe seus traçados originais para, bem, para oferecer uma estrutura reta que seja harmoniosa com essa outra estrutura reta chamada “porta de cozinha”.
Enfim, a pedra estava lá, recostada na porta, fazendo o que quer que seja que as coisas inanimadas fazem, quando eu me aproximei da região. Minha inaptidão para cálculos e física e minha graça ao me mover, semelhante à de um touro em anfetaminas, poderiam ter me alertado do perigo, mas a rotina nublou minhas paranoias ao despejar no cérebro aquela sensação aérea, aquela sensação meio absurda de perceber a existência de algo e ao mesmo tempo ignorá-lo (os homens a reconhecem do campo de futebol, quando, mesmo alvos de inúmeras liberações do ID nas canelas, só percebemos os machucados ao final da partida; as mulheres a reconhecem de todas as vezes que precisaram falar “gosto de você como amigo”). De qualquer jeito, a verdade é que Carlos Drummond de Andrade estava certo e sim, havia uma porra de uma pedra no meio do caminho.
Ao mínimo sinal de contato entre a pele humana e aquele traiçoeiro amontoado de minerais, meu sistema nervoso, aparentemente com energético saindo pelas mitocôndrias, fez questão de chegar o mais rápido possível ao cérebro e entregar um bilhetinho pequeno, amarelado, que, ao ser aberto, continha apenas a seguinte inscrição: “fudeu”. A dor lancinante (eu sempre quis escrever “dor lancinante”) se espalhou pelo corpo como um viral de internet, manifestando sua eloquência para ter certeza de que cem por cento da atenção iria para ela (e, nesse caso, poderíamos considerar a dor nada mais do que a versão sensorial de uma criança hiperativa de 3 anos,  só que um pouco menos incômoda). Foi direto ao ponto, sem rodeios, sem papas na língua. Acho que a melhor forma de descrevê-la é dizer que era uma dor de personalidade forte.
Um milésimo de segundo após eu finalmente perceber que alguma parte do corpo não correspondia à tradicional expectativa de “estar inteira”, veio o sangue. E por Deus, como um dedo sangra. É algo desconcertante. Mesmo um corte mínimo já faz as vezes de bomba de água descontrolada – e, toda vez que acontece e esse córrego globulíneo é expelido, não consigo deixar de pensar “mas ei, então do que o cérebro está se alimentando?”. É como se os dedos tivessem conhecimento de sua situação não-vital (do tipo “ah, fica tranquilo, foi só o dedo”, ao contrário de um impensável “foi só uma lascada no pulmão, acho que podemos continuar jogando”) e tentassem compensar essa posição baldeando sangue para fora, buscando, talvez, um eventual desmaio da pessoa e a conquista de uma posição na segunda linha hierárquica das emergências médicas, junto com os tendões. De certo modo, chega a ser comovente.
Gostaria de dizer que encarei a situação normalmente, mas a verdade é que, ao avistar aquele vermelho photoshópico sendo libertado, já comecei a imaginar como seguiria a vida com um dedo a menos. Haveria de inventar uma história nova, claro, uma corajosa, envolvendo piratas e caubóis e vilões e bandidos e perigos iminentes e o Batman. Seria obrigado também a me adaptar a não ter mais o leque de movimentos característicos do dedo mindinho, que são em um número próximo de zero, acredito. Tudo isso passava pela minha cabeça enquanto eu aglomerava palavrões com uma oratória cristalina e impactante que jamais tive, metade deles desferidos ao cachorro da minha irmã, que não teve nada a ver com a situação mas estava por perto, e, como ele com frequência faz por merecer tais xingamentos, considero justo que eu tenha sugerido que a mãe dele se utiliza de meios um tanto carnais para ganhar a vida.
Isso foi há duas semanas. Pude analisar o processo de cicatrização durante desse tempo, e, após longas observações e reflexões, concluí que ele é feio pra cacete. Uma casquinha avermelhada se forma ali por cima, com uma texura áspera, semelhante à de uma pedra (olha a ironia), e depois ela enche o saco de ficar vermelha e fica mais escura,  e daí vai tomando cores cada vez mais sem graça até ser acidentalmente decapitada durante um movimento qualquer. Só que daí a pele por baixo já se refez magicamente e a perda da casquinha se torna um ato de libertação – o dedo volta a existir novamente enquanto dedo, e não mais enquanto aquele pedaço do corpo enrolado em band-aid e que necessita de cuidados especiais para não fazer nova festa com open bar de sangue, cuidados esses prontamente ignorados assim que o band-aid é colocado e que certamente são coisa de mulherzinha.
De qualquer jeito, a pedra continua ali e eu já voltei ao estado onde a ignoro completamente, passando por ali sem dar nenhuma atenção à ela. Porque o corpo meio que aprende o caminho automaticamente, não obrigando a pessoa a se desviar propositalmente da pedra, apenas seguir um trajeto que já sabe ser desprovido de maquinações malévolas dos objetos. Na verdade, esse trajeto esse trajeto foi internalizado pelo meu sistema há muito tempo, tornando o evento aqui relatado uma exceção – tanto é que o contato se deu apenas de raspão, sem aquele choque frontal que afeta o local atingido e o estômago, não importando a distância entre um e outro. Milímetros para o lado e eu teria passado incólume. Foi por um dedo.

Marcado

Tu abre os olhos quando acorda e elas estão lá. Em bandos. Ocupando todos os cômodos da tua casa. Na TV, no rádio, no computador, no telefone celular. É tudo muito sufocante, inapelável, não tem como escapar. Tu sai pra rua e dá de cara com mais centenas delas. Muito maiores. Muito mais agressivas. 
A invasão do nosso cotidiano pelas marcas é algo tão bem arquitetato que não há subterfúgios: hoje o Branding (‘’MARCANDO’’ ou, mais tecnicamente, algo como o gerenciameto da marca) é praticado por tudo quanto é empresa. Tu corre pra fugir de uma grife e acaba tropeçando em outra.
O grande problema acontece quando o anunciante perde um pouco a noção do limite entre ser patrocinador ou ser dono da idéia, ato ou evento ao qual vincula sua marca. Essa extrapolação costuma causar uma rejeição por parte dos consumidores em potencial.
Num mundo em que muito se fala em sustentabilidade e responsablidade social, as pessoas querem, sim, que as empresas se preocupem com temas como cultura e meio ambiente. Mas daí a se apropriar de um evento, por exemplo, como quem diz ”Minha empresa está sendo boazinha com vocês, está proporcionando algo que sem a gente vocês não teriam”, nesse tom patriarcal mesmo, há uma diferença gritante.
Isso é Branding com problemas. Não atinge os objetivos porque causa descontentamento ao invés de envolver positivamente as pessoas. E quando essas pessoas perceberem que a melhor arma contra alguém que visa sobremaneira o lucro é justamente não dar lucro a esse alguém ao invés de dar mais visibilidade ainda a ele, todo o esforço de gerenciamento da marca vai acabar saindo pela culatra.

Uma jornada inesperadamente irregular

O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey)
3/5

Direção: Peter Jackson
Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh, Phillipa Boyens e Guillermo del Toro, baseados no livro de J.R.R Tolkien.

Elenco
Martin Freeman (Bilbo)
Ian McKellen (Gandalf)
Richard Armitage (Torin)
Andy Serkis (Gollum)

Quando Gandalf, aparentemente o grande agitador da Terra-Média, chega até o condado carregando treze anões e uma missão perigosa na mala de mão, o hobbit Bilbo Bolseiro se vê em uma situação complicada. Mas, mesmo assim, ele sai pra dar banda com a anãozada até a Montanha Solitária, onde Smaug, um dragão de TPM, guarda um tesouro e o lar que antes era dos anões. Mas claro que eles vão encontrar várias intempéries no caminho, porque só assim dá pra dividir o livro em dois filmes e ganhar mais grana.
Tem algo do avesso em O Hobbit. A trilogia Senhor dos Anéis foi composta de três filmes que se tornaram blockbusters, enquanto esta nova viagem à Terra-Média parece mais um blockbuster que se tornou um filme – composta por diversas cenas de ação ensandecida e CGIs, a película sacrifica o desenvolvimento das personagens e das situações dramáticas em prol de piadinhas e pancadaria, chegando até mesmo a fazer o mago Radagast parece um Jar-Jar Binks com cocô na cabeça (literalmente). Assim, apesar de divertido e empolgante em vários momentos, O Hobbit acaba sendo apenas um entretenimento passageiro e superficial.
“Tenho pão, frios e vinho, mas no momento estou sem desenvolvimento de personagens na despensa”
O principal problema da produção é um daqueles erros clássicos de blockbuster, do tipo que o cara encontra no “manual Michael Bay“: não há envolvimento dramático do espectador na história. As personagens, apesar do tempo incrivelmente longo do filme, não são bem definidas ou desenvolvidas (por exemplo, os 14 anões são fisicamente bem diferentes, e, mesmo assim, nunca dá pra saber quem é quem), apenas veículos para pancadaria ensandecida ou piadinhas em excesso (repetindo com frequência a porquice dos anões e a covardia de Bilbo – inclusive algumas fora de lugar, que quebram a tensão criada pelo filme). Não existe uma identificação com alguma das personagens, e até mesmo Bilbo, teoricamente o protagonista, se torna unidimensional ao longo da narrativa – como resultado, as personagens, ainda que tenham momentos mais inspirados (como a cantoria dos anões), se tornam um monte de pontinhos barbudos correndo e afiando seus machados em pescoços alheios. Há uma tentativa de atirar ali no meio alguma profundidade dramática, mas ela surge de forma súbita, sem antecipação, como o momento onde Torin fala (sobre Bilbo) “ele está perdido desde que saímos. Não deveria ter vindo”, sem que o hobbit não tenha feito nada de errado até ali, e quando Gandalf diz “tenho medo e ele me dá coragem”, mesmo que o mago tenha acabado de partir uma rocha gigantesca ao meio usando apenas um cajado, provando que ele não precisa ter medo de ninguém. Soa gratuito, e, no caso de Torin, apenas uma “pista-recompensa” para tentar criar um final emocionante (falhando na empreitada).
Entretanto, apesar de seguir por esse irregular trajeto blockbusteriano, onde ação e CGI são os protagonistas, O Hobbit consegue entregar uma aventura divertida e interessante, com diversas sequências empolgantes, momentos genuinamente engraçados e efeitos especiais que fazem o mundo real parecer uma casa velha e suja. Ainda que excessivamente longa e com bastante encheção de linguiça, a produção consegue manter um ritmo agradável, criando uma daquelas histórias aventurescas que fazem o espectador sair do cinema pensando “bem, é isso, preciso conseguir uma espada e alguns elfos”. É um filme de pura grandiosidade, que com certa frequência derrete o cérebro do público através de cenas memoráveis, como a já citada cantoria dos anões, ou as batalhas na cidade dos orcs, ou a briga entre as montanhas, e por aí vai. Há momentos bem desenvolvidos e envolventes (a reunião de colégio entre Gandalf, Saruman, Elrond e Galadriel é informativa e ajuda na conexão com a trilogia do anel), oferecendo um vislumbre de tudo que a película poderia ser caso não tivesse essa ambição de ser comediante – o melhor deles, provavelmente, é a cena entre Bilbo e Gollum: tensa, instigante, envolvente, ela parece ser o momento onde O Hobbit finalmente se despe das piadinhas frenéticas e assume uma posição mais adulta, colocando suas personagens em uma situação realmente desgastante. Mesmo se não soubéssemos as consequências, ela consegue transmitir a sensação de que algo muito importante aconteceu ali.
Outra boa notícia é que Peter Jackson continua com um olho bom para enquadramentos e movimentos de câmera, abusando bastante de planos abertos para dar uma ideia da dimensão da balbúrdia feita pela CGIzada. Nesse ponto, é impressionante o grau de “realismo” que O Hobbit consegue alcançar, já que, bem, nada daquilo existe de verdade, e o fato do espectador sequer perceber isso implica em anabolizantes para a equipe de efeitos especiais ou esquizofrenia coletiva. Existem até uma ou outra cena que quase atingem uma dramaticidade épica – como a corrida de Torin contra Azog no clímax -, não conseguindo apenas por serem sabotadas pela filosofia “garoto de 6 anos na piscina” (só quer ficar no raso) da história. Claro que, além dos Gandalfs da animação computadorizada, Jackson também conta com o auxílio de uma direção de arte espetacular (os ornamentos na barba do rei dos anões são uma escolha inspirada, e as linhas retas que compõe Erebor remetem bastante às minas de Moria, criando uma identidade entre as construções de seres barbudos e com menos de um metro e meio – sem contar o feliz retorno de cenários familiares, as diferenças físicas entre os integrantes da comitiva e a riqueza na diversidade de criaturas e paisagens) e uma trilha inspirada, que traz de volta temas da trilogia do anel ao mesmo tempo em que emprega novas melodias para marcar a produção e girar um pouquinho para a direita aquele botão de volume que tem “épico” escrito em cima.
Como já explicado no extenso, mas não tão extenso quanto o filme, terceiro parágrafo, a história não dá muita oportunidade para que as personagens consigam sair de sua situação enquanto verbos (aquele ali briga, aquele ali come, aquele ali lidera, e por aí vai). Assim, não há muito o que o elenco anãozístico possa fazer para ganhar destaque, e mesmo Richard Armitage, que como Torin tem mais destaque, pouco consegue fazer além de manter uma expressão de que algo realmente muito sério está acontecendo em algum lugar (mas ao menos ele tem carisma). Já Ian McKellen traz de volta e com naturalidade o velho mago mal-humorado e intenso, conseguindo expressar preocupação ou carinho apenas através de um olhar ou um tom de voz (e todas as cenas se tornam mais interessantes quando ele está por perto). O normalmente talentoso Martin Freeman, por outro lado, investe em trejeitos levemente exagerados para compor Bilbo, que logo se tornam repetitivos e minam o potencial cômico e/ou dramático da personagem. Enquanto isso, Andy Serkis e seu tradicional figurino de bolinhas que capturam o movimento (tendência para as próximas estações) realizam novamente um trabalho monumental como Gollum, tornando a criatura ainda mais complexa, cheia de olhares traiçoeiros e inflexões divertidas.
Em 2003, quando os créditos de O Retorno do Rei terminaram e os funcionários do cinema me expulsaram para fora do mesmo, a despeito dos protestos de “o mundo lá fora não tem magos nem Liv Tylers”, mal pude conter a expectativa de uma nova visita à Terra-Média. Pois bem, 9 anos depois, O Hobbit me levou de volta às planícies verdes e subterrâneos mal-habitados do lugar, mas, mesmo que seja uma experiência satisfatória, a duração em excesso da película e a narrativa acabam arrefecendo a empolgação. Resta esperar que Peter Jackson tenha aprendido uma lição com suas próprias histórias, descobrindo que até mesmo a menor das criaturas pode mudar o curso do mundo – ou, no caso, que até mesmo um filme sem três horas de duração e pancadaria desenfreada a cada 48 frames pode ser inesquecível.

Eu quero é mais!

Quem tem perfil em alguma rede social percebe: Se tá calor, enchem o feed de “Credo, que calor!”; se tá frio, é mais comentário sobre como o frio é ruim. O curioso é quando faz 23°C, temperatura oficial da climatização dos aviões, aí é que todo mundo reclama mesmo. Uns de frio, outros de calor! E eu nem vou começar a falar sobre brigas por causa do ar condicionado, esse assunto rende um texto próprio…
Ser humano é bicho triste. Parece que nunca tá satisfeito.
Na verdade, não parece. A coisa é assim mesmo. Isso tem seu lado bom, se as pessoas não se importassem de andar longas distâncias, ninguém teria se prestado a inventar a roda, por exemplo. Mas como eu não tô satisfeito com essa condição do ser humano reclamão, vou falar do que me fez escrever hoje.
O fato de o consumidor querer comprar sempre mais e mais é um prato cheio pra quem não pode parar de vender, e os anunciantes já pegaram o jeito de se aproveitar disso há algum tempo. Como se não bastassem as necessidades  – já supérfluas – que criamos para nós mesmos, a cada comercial novo tomamos emprestados mais um monte de “Eu preciso dissos” novos.
A campanha da Ford chega a ser metalinguística nesse ponto, afinal esse slogan “Um UpGrade é sempre bom” poderia ser até o título desse post. Na peça abaixo em particular, eles brincam com essa máxima do Nunca tá bom. Dêem uma olhada na segunda salva-vidas que vem ao resgate de nosso mal aventurado afogado. É pra casar! Dá pra se afogar umas três vezes por dia o verão inteiro e não enjoar. Mas não! A gente nunca tá feliz. Não basta ser linda, tem que ter um currículo de Pâmela Anderson.
O comercial acaba aí, mas é só porque o espaço na TV é de 30 segundos. Se o afogado tivesse mais um minutinho, ele já estaria procurando novos… entretenimentos pela praia. Porque a busca é eterna.

País rico e sem pobreza


Um exemplo de como  ver os fatos por um lado otimista. Hoje foi disparado um release sobre a pesquisa da Oranização Internacional do Trabalho a respeito da evolução salarial em diversos países nos últimos 12 meses. Muitos sites de notícia divulgaram a matéria exatamente da mesma forma que receberam. E deram ênfase de manchete de capa.

O título da matéria, invariavelmente em portais como Terra, Msn, BBC, Exame/Abril, entre outros, diz: “Salários no Brasil aumentaram mais que o dobro da média mundial.”

Que notícia fantástica! Depois de o país assumir o posto de sexta maior economia do planeta, agora nossos patrões resolveram abrir a mão e distribuir um pouquinho de toda essa riqueza!

Será??? 

Se o internauta clicar no link e ler a notícia até o fim (pode ser em qualquer um desses Portais, afinal todos eles apenas se valeram de um ctrl+C, ctrl+V), vai perceber que esse aumento acima da média fez com que o industriário brasileiro passase a ganhar 887 dólares por mês, enquanto que um norte-americano com o mesmo cargo, e que recebeu o mísero reajuste de 1,2%, agora conta com um ordenado mensal de 3.775,00 dólares…


Claro que otimismo não tem muito a ver com isso tudo. O que aconteceu foi que a manchete ficou bonita e passa uma imagem positiva do país, por isso foi usada. Ela pode causar dois efeitos diferentes  nos leitores: (1) a pessoa leu com pressa e ficou com uma impressão de que a situação do Brasil é muito melhor do que a do resto do mundo: “mais que o dobro da média”; ou (2) a pessoa se empolgou, clicou no link, e passou mais tempo navegando no Portal, dando audiência e argumento para a venda de anúncios.

Isso é só uma ínfima amostra de como a informação está sendo tratada de forma cada vez mais superficial e de como essa superficialidade contribui para a manutenção de uma situação que nem sempre é favorável à maioria através do comodismo causado por pequenos estímulos rasos como este.

Aborrecer – Parte 2

Amanhecer – Parte 2 (Breaking Down – Part 2)
1/5

Direção: Bill Condom
Roteiro: Melissa Rosenberg, baseada em livro de Stephenie Meyer.

Elenco
Kriste Stewart (Bella)
Robert Pattinson (Edward)
Taylor Lautner (Jacob)
Michael Sheen (

Bella agora é uma vampira, e pode fazer todas aquelas coisas que a imortalidade permite, como ganhar numa queda de braço. Mas, após quatro filmes, alguém finalmente percebeu que não havia trama nenhuma na série – então os Vulturi, aparentemente brabos pelo NASCIMENTO DE UMA CRIANÇA, reúnem uma cambada de gente pra tocar o terror nos Cullen. E estes, para se defender, saem por aí recrutando todas as personagens que não conseguiram entrar em Heroes.
Após quatro filmes melosos, arrastados, mal escritos, mal dirigidos e com um elenco que poderia ter vindo diretamente do Madame Tussauds, a série Crepúsculo apresenta seu derradeiro episódio – meloso, arrastado, mal escrito, dirigido e com um elenco que claramente frequentou a Escola Keanu Reeves de Expressão.

“Jacob, quando eu disse ‘já’, leve minha filha para longe deste filme.”
O pior é que o filme até começa bem: quando Bella acorda vampirizada, Amanhecer – Parte 2 explora bem planos-detalhe de elementos do cenário e mudança de foco para indicar a transformação dos seus sentidos. Pena que logo a moça olha para Edward,  que está com aquela cara de mina que acabou de perder episódio de Gilmore Girls, e o espectador percebe que está de volta àquele universo MODORRENTO da série – e se há alguma dúvida disso ainda, ela se dissipa quando, momentos depois, Bella está completamente bem mas entra em parafuso sanguíneo assim que Edward diz “você precisa aprender a controlar sua sede”. Aliás, em Amanhecer – Parte 2 as coisas acontecem de forma muito rápida, sem nenhuma antecipação dramática ou desenvolvimento da situação – de repente Bella já corre, pula e faz triatlon como vampira profissional, a filha que ela teve com o HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, aparentemente, cresce desenfreadamente e a vampirada se junta muito facilmente à brincadeira. Inclusive, a certa altura, a impressão que se tem é que a casa dos Cullen virou uma fraternidade de criaturas clássicas da Universal mal adaptadas aos tempos modernos.
Não que antes disso fosse melhor: com traminhas bobas adolescentes, a primeira metade de Amanhecer – Parte 2 funciona como um Dawson’s Creek sobrenatural, criando conflitos na tentativa de jogar algum drama ali (e falhando miseravelmente). A situação chega ao cúmulo de fazer Jacob se apaixonar pela recém-nascida Renesmee, em um dos mais esdrúxulos movimentos de “e agora como a gente vai fazer pra manter esse cara na história? ja sei” – mas tudo bem, isso não é pedofilia porque, como ele justifica, “é uma coisa de lobo”. Tipo, tudo bem ser pedófilo, desde que o cara seja peludo e selvagem. Eis aí alguém que jamais poderá dublar uma animação.
Até há um momento interessante, que antecipa o encontra de Bella e Charlie, pois há o medo que a moça crave os dentes no pescoço do pai (o que seria a segunda coisa sexual mais esquisita do filme, atrás do lobisomem pedófilo), mas quando chega na hora tudo é automaticamente esquecido e a cena tem a mesma tensão que olhar um ovo fritando em câmera lenta. Tudo isso permeado com diálogos de pura elegância e criatividade do tipo “nunca ninguém amou tanto alguém quanto eu amo você” e “agora temos a mesma temperatura”. Consigo até ver Aaron Sorkin dando cabeçadas na parede de inveja.
Ao menos o diretor Bill Condom tenta colocar uns enquadramentos e movimentos de câmera mais legais, tornando a experiência visual um pouco mais aceitável do que o verdadeiro ÁLBUM DE ORKUT dos filmes anteriores – ele até tem uma boa sacada ao fotografar com mais cor a vampirice de Bella, mostrando que agora ela realmente está onde pertence. Infelizmente ele luta contra um texto medíocre e efeitos visuais claramente amadores, considerando, claro, que a palavra “amadores” seja sinônimo de “humor involuntário”. Além do mais, o próprio cineasta parece deitar na rede e fazer a coisa preguiçosamente em alguns momentos, algo que fica evidente após o décimo-sexto plano de pés correndo na floresta (ou talvez, como em Sin City, Tarantino tenha dirigido algumas sequências) ou na coreografia sem sal das batalhas (que foram disputadas, pela forma como as cabeças são arrancadas do pescoço, por duas gangues de Lego). Contando ainda com uma montagem inexplicavelmente frenética, cheia de cortes tão irrelevantes quanto as notícias mais lidas dos grandes portais, Amanhecer – Parte 2 ainda consegue ser mais prejudicado pela irritante, insistente e insossa trilha sonora, que surge a cada nanossegundo para mostrar que é um filme POP com coisas POP e por isso é COOL.
Vivendo Bella pela quinta vez, Kristen Stewart finalmente consegue conferir um pouco mais de vida e intensidade à protagonista, ao invés de ficar só passando a mão no cabelo, o que denota claramente uma evolução. Infelizmente Robert Pattinson continua tão limitado quanto um plano de dados de celular, choramingando o tempo todo, olhando pra baixo pra mostrar tristeza e achando que fazer cara de quem acaba de morder a bochecha é um artifício dramático – o que o torna uma ótima dupla ao lado de Taylor Lautner, já que a inexpressividade e o carisma negativo deste consegue sugar não só a atmosfera e o clima da cena, mas também a vida dos pobres espectadores. Novamente, quem consegue salvar um pouco o desastre quando aparece é Ashley Greene, que sempre confere mais dinâmica quando está em quadro (talvez para contrabalançar a total falta de sentido de seu par romântico, Jasper, cuja única muleta de atuação parece ser ficar de lado e virar o rosto), e o ótimo Michael Sheen, que, no melhor estilo “SHOW ME THE MONEY”, manda às favas qualquer tentativa de levar a sério a historia, liga o modo caricatural e se diverte pacas como o vilão Aro (percebam como a forma com que ele pronuncia “Bella” adiciona umas doze letras “L” ao nome da moça).
O pior de tudo, entretanto, é que quando parece que Amanhecer – Parte 2 vai sair do lugar comum, quando parece que a série Crepúsculo finalmente consegue conferir tensão e carga dramática à sua trama bobinha, a história dá uma guinada covarde, desprezível, o tipo de virada que até mesmo um diretor de novela olharia e diria “não, isso é artificial demais”. Tamanha demência fílmica passa ao público a sensação de bunda-molice extrema, erradicando qualquer traço interessante ou curioso que a película porventura tivesse. Assim, as fãs de Crepúsculo podem até vibrar com a batalha final, com o romance entre Bella e Edward, ou com a singela historinha de pedofilia de Jacob, mas a verdade é uma só, única e dolorosa: o grande trunfo do filme é o fato de que a série termina nele e não teremos outra produção dessas.