Categoria: querido diário
Crônicas da Discoteca – 1
A trilha sonora de Godzilla foi o segundo disco que comprei na vida, sendo precedido apenas por um do Jorge Ben Jor que tinha aquela música do Tim Maia. Lembro que além de Heroes o disco também contava com uma canção famosinha (leia-se “música com videoclipe”) do Jamiroquai, mas eu não dei muita bola pra ela. Dançante demais. Eu estava atrás de algo como o riffzinho de guitarra no refrão da canção dos Wallflowers, que conseguia preencher uma sala inteira com melodia, que mudava drasticamente a canção sem realmete mudá-la. E encontrei nos à época corajosos versos de Untitled, do siverchair (“dreams are bad / when all they do is leave the truth behind”), ou na hipnótica e cativante A320, do Foo Fighters. Duas bandas que assumiram a posição de titular do meu time e não sairam mais, aliás.
Algo havia começado dentro de mim e não poderia mais ser parado, como um trem desgovernado gritando pelos trilhos ou o efeito dominó desencadeado pelo travamento de um simples programa do computador, obrigando a reinicialização do mesmo. Uma audição mais cuidadosa do disco me revelou novos sentimentos: a vontade de sair por aí dando VOADORA NAS PESSOAS enquanto a poderosa Walk The Sky, do Fuel, rola ao fundo; a lacrimejante descida de notas no dedilhado distorcido de Macy Day Parade, do Michael Penn; a possibilidade do coração bater no ritmo de um piano com a emocionante Air, do Ben Folds Five; e a vontade de conhecer um bar da Chicago dos anos 50 com Undercover, do Joey DeLuxe. Havia até mesmo uma Kashmir recauchutada na Come With Me, onde Puff Daddy pedia ajuda a Jimmy Page, e que, peço desculpas pela ignorância temporária, na época soava melhor do que a original.
Outro momento de imensa adrenalina ocorreu do primeiro ao último acorde de Brain Stew, do Green Day, que parecia rugir o suficiente mesmo se não houvesse o rugido do Godzilla na mixagem. Na verdade, essa foi a primeira canção do disco que me chamou a atenção. Mas era conveniente deixá-la por último no texto para fazer um link com o próximo post, Crônicas da Discoteca II ou Como um Garoto Magrela e Branquelo Começou a Ouvir o que Ele Imaginava ser Punk Rock.